Futebolistas que perderam o brilho em Portugal e o reencontraram noutras paragens
Quintero e Jovic são os mais recentes casos de estrangeiros que não vingaram no F. C. Porto e Benfica.
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Chegaram como grandes promessas e ambos se ficaram por aí. No futuro, quando se falar das passagens de Juan Quintero e Luka Jovic pelo futebol português, não haverá muito mais a acrescentar, principalmente no caso do avançado sérvio que chegou ao Benfica em 2015 e só fez quatro jogos pela equipa principal. O médio colombiano fez muitos mais e até marcou sete golos nas duas épocas que andou de azul e branco, mas também ele saiu pela porta pequena do Dragão. Emprestados. Hoje, depois de não vingarem em Portugal, brilham lá fora e são decisivos nas respetivas equipas. Nos últimos dez anos, não são a regra. Nem a exceção.
É no River Plate e no Eintracht Frankfurt, respetivamente, que Quintero, 25 anos, e Jovic, 20, estão a mostrar aquilo que lhes adivinhavam quando foram contratados por F. C. Porto e Benfica. Depois de se destacar no Mundial da Rússia, o médio colombiano, que também já esteve cedido ao Rennes e ao Independiente Medellín, decidiu a final que valeu ao River a conquista da Libertadores no duelo com o Boca Juniors. Já o ex-benfiquista é o melhor marcador da Bundesliga e o goleador do Frankfurt.
Luka Jovic, que foi contratado com apenas 18 anos quando já era figura no Estrela Vermelha, nem a uma pré-temporada teve direito. De águia ao peito, valia-lhe a equipa B. Quintero também andou pela equipa secundária do F. C. Porto e desde que Sérgio Conceição é o treinador dos dragões também não participou em nenhuma pré-época.
Ir e já não voltar
Apesar das boas exibições e da valorização, desportiva e financeira, nem o futuro de Jovic nem o de Quintero passa por Portugal. É que nos dois casos, Benfica e F. C. Porto fixaram cláusulas de compra nos contratos de empréstimo e quer o Eintracht Frankfurt quer o River Plate vão exercê-las. Primeiro porque nos tempos que correm os valores envolvidos não são nada por aí além - 12 milhões e 3,2 milhões, respetivamente - e depois porque ambos os clubes já têm em vista possíveis negócios que lhes garantem retorno financeiro considerável. O nome do sérvio já apareceu vinculado a Bayern de Munique ou Barcelona, enquanto o médio colombiano está apontado a clubes chineses, americanos, turcos e ingleses. Já que lá fora se está melhor, então é lá fora que vão continuar. Faz sentido.
Cristante, a promessa sem qualquer retorno
Bryan Cristante chegou ao Benfica a custo zero, tinha 19 anos e era visto como uma das grandes promessas do futebol italiano. Mas, primeiro com Jorge Jesus e depois já com Rui Vitória, quase nunca foi visto com a camisola das águias. A solução foram empréstimos ao Pescara e à Atalanta, o clube em que, finalmente, confirmou os créditos e o recrutou, em definitivo, ao Benfica. No início desta época, já internacional, Cristante chegou à Roma, que o vai contratar por mais de 15 milhões de euros. O médio italiano, no entanto, não é caso único.
Daniel Wass, por exemplo, hoje é titular no Valência, depois de ter brilhado no Celta de Vigo, na elite do futebol espanhol, e não fez nenhum jogo oficial pelas águias. Tal como Marçal, o defesa brasileiro que foi contratado ao Nacional em 2015 e que atualmente é indiscutível na defesa do Lyon, uma das equipas que está nos oitavos de final da Liga dos Campeões. E ainda há Nolito, hoje ao serviço do Sevilha, e que ainda chegou ao Manchester City, contratado por Pep Guardiola, depois de ter sido dispensado do Benfica.
Sidnei, cuja última imagem de águia ao peito é só ao serviço da equipa B, é titular no Bétis de Sevilha. Sulejmani é figura de proa no Young Boys, o atual campeão suíço.
Seri nem se estreou e agora vale milhões
Foi no Paços de Ferreira que deu nas vistas, mas Michael Seri também esteve no F. C. Porto. Os dragões descobriram-no na Costa do Marfim, onde representava o ASEC Mimosas, só que da passagem do médio pelo Dragão só há sinal de jogos pela equipa B.
Contratado em 2012, acabado de entrar nos 20 anos, Seri passou um ano na equipa secundária dos portistas, até que encontrou na Mata Real o lugar ideal para brilhar e durante duas épocas encantou olheiros de vários clubes europeus. Acabou no Nice (França), onde esteve três anos, e agora representa o Fulham, da Premier League, que no início desta época, e apesar da concorrência de outros emblemas das ligas mais importantes, pagou 20 milhões de euros pelo médio, de 27 anos.
Outro médio, o espanhol Campaña, passou pelo F. C. Porto quase sem se dar por ele - jogou tanto pela equipa B como pela principal - e hoje é um dos indiscutíveis do Levante, o sexto classificado da La Liga, e apontado à seleção. Ainda há Carlos Eduardo, o médio brasileiro que não se impôs no Dragão e agora é estrela na Arábia Saudita, depois de também ter ganho fôlego no Nice, do campeonato francês.
O central Boly, contratado ao Braga, também foi dispensado para agora ser titular no Wolverhampton, na Premier League.
Arias foi à Holanda e chegou ao At. Madrid
O Santiago Arias que atualmente é titular no Atlético de Madrid, candidato à conquista da Liga espanhola e da Champions, é o mesmo Arias que esteve no Sporting entre 2011 e 2013 e praticamente só jogou em Alcochete em vez de Alvalade. Ao todo, o internacional colombiano foi apenas utilizado em 10 jogos da equipa principal dos leões e realizou 28 pela equipa B, antes de ser contratado pelo PSV Eindhoven, onde revitalizou a carreira. Esteve cinco épocas na Holanda, estabeleceu-se como titular absoluto e saiu de lá como o melhor jogador do campeonato, motivos mais do que suficientes para o Atlético de Madrid ver nele a opção ideal para reforçar o lado direito da defesa. Cinco anos depois de ter deixado Alvalade, vale quase 15 milhões de euros e joga numa das equipas mais fortes do Mundo.
Se Santiago Arias é o exemplo-mor, há outros nomes a juntar à lista. Caicedo, lembra-se? É opção regular na Lazio e já brilhou em Espanha. Ou Labyad, que chegou como promessa, foi dispensado e agora está no Ajax, que o contratou ao Utrecht por sete milhões de euros.