Futsal feminino em busca de um lugar ao sol num europeu histórico

O Pavilhão Multiusos de Gondomar é o palco do primeiro Campeonato da Europa, que se realiza nos próximos dias 15 e 17. Uma competição histórica, que marca um virar de página na modalidade, e na qual Portugal é, juntamente com a Espanha, apontado como favorito à vitória. Confiança e ambição são as palavras de ordem na equipa liderada por Luís Conceição, selecionador que recentemente comandou as quinas à conquista dos Jogos Olímpicos da Juventude, na Argentina.

Depois de ter conquistado o Europeu masculino, na Eslovénia, Portugal procura reinar também no feminino. Para tal, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) tem dado todas as condições à equipa liderada por Luís Conceição para que esta atinja o tão desejado sucesso. Apesar de Jennifer Rodrigues (Burela) e Tânia Sousa (Lázio) serem as únicas jogadoras profissionais entre as 14 eleitas - algumas jogadoras tiveram de meter férias -, a FPF proporcionou um estágio de 22 dias, a juntar às inúmeras concentrações de preparação realizadas anteriormente, para que tudo seja planeado ao pormenor. E quando há algum detalhe que falta, é logo corrigido por Jorge Braz, selecionador nacional masculino, que acompanha toda a preparação lusa.

"A expetativa é sempre positiva e de otimismo. Queremos vencer e ser superiores, mas, para isso, teremos de nos preparar a todos os níveis para o conseguir. É preciso superarmo-nos", sublinha Luís Conceição, sem, em momento algum, fugir da questão do título europeu. "Há esse desejo e uma expetactiva natural. Depois de tudo o que tem sido conseguido, temos de estar preparados para o máximo. Quem quer vencer tem de estar preparado para tudo", salienta o selecionador nacional, considerando que jogar em casa terá de ser encarado como um fator extra de motivação.

"É fantástico receber o primeiro Europeu, com as seleções mais fortes, e vamos estar preparados para lidar com toda esta envolvência. Vamos continuar a preparação convenientemente, analisar os adversários e a fazer bem o nosso trabalho", faz notar Luís Conceição, a pouco mais de uma semana do jogo da meia-final com a Ucrânia, salientando que a "preparação tem decorrido conforme as expectativas". À partida para aquele que poderá ser (mais) um Europeu de boa memória para Portugal, Luís Conceição deixa uma garantia: "A trabalhar desta forma, temos de estar otimistas e confiantes".

Figuras:

À procura do sucesso em nome do filho Francisco

Rute Marques é a única, entre as 14 convocados, que é mãe. Militar da GNR, a ala do Valverde, de 34 anos, regressou à seleção, após 14 anos de ausência, e mostra-se determinada em fazer história para dedicar o maior feito do futsal feminino português ao pequeno Francisco, de cinco anos. "Retomei o futsal há dois anos e meio, após seis de ausência devido a questões profissionais e familiares, e não estava à espera de ser convocada. Foi com enorme alegria que recebi a convocatória", relembra, orgulhosa, Rute Marques, desejosa de dedicar o título ao filho Francisco. "As saudades existem sempre, mas tenho uma boa estrutura familiar e o apoio do meu marido. O Francisco é meu fã e o maior objetivo é dedicar-lhe este título. Tem sido a pessoa mais penalizada por estes dias de ausência", reconhece a craque lusa, confiante na conquista do troféu: "O principal objetivo é sermos campeãs da Europa. Mas não basta querer ou falar. Temos de estar focadas e de ser competentes. O grupo está forte", considera Rute Marques. Um exemplo, dentro e fora das quadras.

Muita experiência sempre em prol do coletivo

Ana Azevedo é a mais internacional entre as 14 jogadoras convocadas da seleção, com 67 internacionalizações, e em quem os portugueses depositam grandes esperanças neste Europeu. A craque do Vermoim, de 32 anos, apela à presença massiva dos adeptos no Multiusos de Gondomar e deixa a garantia de que a equipa das quinas tudo irá fazer para levar o troféu para a Cidade do Futebol. "Esperamos um pavilhão cheio para nos apoiar até ao fim e vamos retribuir com o máximo empenho, dando tudo para que Portugal saia vitorioso", promete Ana Azevedo, salientando a importância do "acreditar": "Sabemos o que queremos e aquilo que temos de fazer. É preciso acreditar mais do que os outros e pensar em dar um passo de cada vez. O foco está apenas em ganhar à Ucrânia", avisa a universal portuguesa. "Estamos focadas no nosso trabalho, pois os jogos ganham-se dentro de campo. Estamos a trabalhar bem, com competência, para estarmos na prova a 100%. Se continuarmos assim, com garra e empenho, o resto vem por acréscimo", finaliza Ana Azevedo.

Melhor do mundo também quer agarrar o título

Eleita a melhor guarda-redes do Mundo da atualidade, Ana Catarina é a voz da ambição que reina na seleção. A guardiã do Benfica, de 26 anos, realça a importância de se jogar o primeiro Europeu em Portugal e, sem rodeios, aponta a conquista do europeu como o único objetivo: "As expectativas são altas, pois temos o objetivo de ganhar. Temos trabalhado muito nesse sentido e não vemos o título como uma obrigação, mas sim um desejo", justifica Ana Catarina, rejeitando a ideia de que terá um papel decisivo: "A seleção depende das 14 que cá estão e somos todas nós que faremos a diferença. Só assim poderemos alcançar o que ambicionamos", garante, salientando o "gozo especial" por disputar o primeiro Europeu em solo português. "Sabemos da importância que a prova tem, em todos os sentidos. Como também temos consciência de que esta competição poderá mudar muita coisa em Portugal. O desporto feminino tem sido um pouco esquecido e pode ser que consigamos ajudar a mudar mentalidades", finaliza, esperançada, Ana Catarina.

PLANTEL
Guarda-redes: Ana Catarina (Benfica) e Naty (Quinta dos Lombos)
Universal: Ana Azevedo (Vermoim) e Fifó (Benfica)
Fixo: Inês Fernandes (Benfica)
Ala: Cátia Morgado (Sporting), Pisko (Novasemente), Janice Silva (Benfica), Rute Duarte (Valverde), Jennifer Rodrigues (Burela, Espanha) e Tânia Sousa (Lázio, Itália)
Ala/Pivot: Lídia Moreira (Novasemente) e Sara Ferreira (Benfica)
Pivot: Carla Vanessa (Santa Luzia)