Domingo, frente ao Sporting, Gaitán pode fazer o jogo 500 de uma carreira pouco prometedora nas camadas jovens e que ficou, indubitavelmente, marcada pelos primeiros 15 minutos.
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De ter tudo certo para rumar ao Almería, Gaitán ficou para brilhar no Bombonera, ao lado do ídolo Riquelme, antes de rumar ao Benfica e fazer parte "de uma grande equipa".
O próximo jogo que fizer será o jogo 500 como profissional, divididos entre clubes e seleção.
A sério? Não sabia, não contei. Já são muitos quilómetros.
Qual é aquele que lhe vem imediatamente à cabeça?
O primeiro, a estreia pelo Boca Juniors. Até porque eu já estava vendido ao Almería (Espanha). Tinha 20 anos, jogava pelas reservas e quando, na Argentina, com essa idade não estás na 1.ª Divisão, então tens que sair. A saber que ia embora, concretizei o meu sonho, joguei 15 minutos no Bombonera, dei tudo e no fim o presidente ligou ao meu empresário a dizer que não me vendia. Quinze minutos mudaram a minha carreira. Não sei o que aconteceria se fosse para o Almería, mas eu queria era ficar no Boca e jogar ao lado do Riquelme, o meu ídolo.
Como foi essa convivência?
Ele ajudou-me muito. Tive sorte porque ele gostou de mim. Quando eu cheguei à primeira equipa, por exemplo, não tinha dinheiro para comprar um carro, tinha que andar em transportes públicos e ele deu-me boleia para casa algumas vezes.
Só chegou à primeira equipa com 20 anos. Demorou a convencer as pessoas do Boca.
Tive dificuldades nas camadas jovens. Dos 12 aos 16 anos praticamente não joguei e numa dessas épocas nem sequer fui inscrito, limitava-me a treinar. Mas nunca me imaginei a fazer outra coisa a não ser jogar futebol e tive a sorte de conseguir o que sempre sonhei.
A maioria desses 499 jogos foi em Portugal. Sente que é uma figura muito importante na história recente do futebol português?
Não sei. Fiz parte de uma grande equipa, tive a sorte de ser campeão três vezes e de viver outros momentos importantes, como conseguir reagir a um ano em que perdemos tudo na parte final. Na época seguinte, fizemos o mesmo e ganhámos. Cair e levantar, isso tem muito valor para mim.
Desde 2017, o Benfica só foi campeão uma vez e prepara-se para mais uma temporada sem o conquistar o título. Surpreende-o esta queda?
Acredito que o clube está a fazer tudo para ganhar, mas não é fácil ganhar. As outras equipas também são fortes e pode acontecer que não ganhes.
A presidência do Benfica está bem entregue a Rui Costa?
Ser presidente exige outras coisas e outras responsabilidades, mas o Rui é alguém que gosta muito do clube e não tenho dúvidas de que faz o melhor e que vai continuar a fazer.