Germano Pinho deixa a liderança do clube do Padrão da Légua, ao fim de mais de duas décadas. Não se quer arrastar, como viu fazer Pinto da Costa. Sai com convicção do dever cumprido e a pensar nos netos.
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Paixão é talvez a palavra que melhor define Germano Pinho e uma missão de 24 anos no comando do Padroense, que chega hoje ao fim. Natural de Lever (Vila Nova de Gaia), viu na adolescência o pai, Joaquim, juntar-se aos fundadores da União Desportiva Leverense, antes de ele próprio passar pelo Vilanovense, onde teve a primeira experiência como dirigente desportivo durante três temporadas. A mudança para a Senhora da Hora, depois de casado, afastou-o do desporto duas décadas, mas voltou quando a filha e o filho optaram por jogar andebol no Padroense e lhe despertaram o “bichinho” do dirigismo. “Criei relações de afetividade com o clube, quando os meus filhos começaram a praticar andebol. Percebi que tinha de ajudar, porque ia apoiar os meus filhos”, explicou Germano Pinho, em declarações ao JN.
Aos 75 anos, com os netos a “exigirem” acompanhamento, a decisão de sair tem várias explicações: “Chegou o momento, não estou aborrecido, nem chateado, ou dececionado, estou bem, estável e feliz com tudo o que fiz no clube. A minha presença junto da família pode ser útil, porque tenho dois netos pequenos… Nunca se sabe se vêm parar ao Padroense, é possível, até porque a academia começa aos quatro anos e não me admirava nada que fossem para aí. Mas tenho o desafio de acompanhar os meus netos e vou aproveitar esse álibi”. Recentemente, a forma como Pinto da Costa deixou o F.C. Porto também o influenciou. “Ele era um exemplo de empenho e de amor à causa e, apesar de tudo, não deixou de ser atacado e até menorizado. Claro que fez coisas menos boas, mas olho para isso e penso para mim, valerá a pena arrastar-me?”, ponderou.
Claro que com mais de duas décadas como presidente do Padroense, não lhe faltam histórias marcantes e a da época 2010/11 nunca irá esquecer. “Foi quando o Padroense foi campeão da II Divisão B. Fomos à fase de subida com o Atlético e o União da Madeira. Mas o que me deu mais alegria, foi quando há duas épocas conseguimos subir os iniciados aos nacionais, fazendo com que tivéssemos, em simultâneo, os três escalões da formação nos nacionais”, recordou, com um sorriso e inundar-lhe o rosto. Germano Pinho compreende que lhe apontem o facto de nunca ter conseguido levar a equipa sénior a mais altos voos. “Optei pela formação, equilíbrio e crescimento do clube ao nível das infraestruturas e do funcionamento interno e nunca sobrou folga financeira para sermos mais ambiciosos”, justificou.
Mas também há lições que leva para a vida e… voltamos à paixão: “A época 2008/09 começou muito mal, chegámos à penúltima jornada da primeira volta sem uma única vitória, estávamos em penúltimo. Assistia aos treinos todos os dias e via os jogadores trabalhar, tinham qualidade, e um conjunto de infortúnios faziam com que perdessem. Mas tinha uma fé enorme que iríamos conseguir dar a volta. No último jogo da primeira volta conseguimos a primeira vitória e na segunda vencemos os jogos todos, empatámos um e subimos de divisão. Era inacreditável. A mensagem que deixo é de acreditar e não desanimar ao primeiro revés. Mesmo a serem enxovalhados, ou insultados, acreditem, sempre, com paixão, por convicção, vão até ao limite da resistência humana”. O que nunca se vai apagar da memória?: “o sorriso da ganapada!”.