Primeiro treinador do avançado recorda o talento precoce que, agora, brilhou frente à Suíça. O orgulho de Olhão no palco Mundial.
Corpo do artigo
"Nem nos meus melhores sonhos". Foi assim, com humildade e alguma vergonha à mistura, que Gonçalo Ramos comentou o hat trick que marcou na estreia como titular na seleção nacional e que estabeleceu a rota portuguesa rumo aos quartos de final do Catar 2022. Filho de um antigo futebolista - Manuel Ramos, que foi extremo no Farense e Salgueiros, viu o jogo no bar do Centro de Treino e Formação do Benfica no Algarve, enquanto o filho mais novo, Lourenço, treinava -, cresceu com a alcunha de feiticeiro na formação, tornou-se no pistoleiro e, com os três tiros certeiros à Suíça, aos 21 anos, inscreveu o nome nos livros de recordes.
Corria o ano de 2007 quando, por terras algarvias, um miúdo de apenas seis anos chegava ao Olhanense para se juntar às escolinhas. "Nessas idades é impossível ter a certeza se vão dar jogador ou não, mas já se notava ali algo de diferente. Fazia muitos golos, procurava sempre a área adversária. Já se notava ali qualquer coisinha", afirma, e reitera, Tiago Faustino, primeiro treinador de Gonçalo Ramos, em conversa com o JN, testemunha privilegiada da precocidade do talento que, no Catar, transformou Gonçalo Ramos no segundo mais jovem da história a fazer um hat trick numa fase a eliminar de um Mundial, batido apenas pelo rei Pelé [ndr: em 1934, o alemão Conen marcou, aos 19 anos, três golos à Bélgica nos oitavos, mas nesse Mundial ainda não havia fase de grupos].
De volta ao ponto de partida, foi um mundialito em Vila Real de Santo António a mudar o guião da história do avançado. "Era um torneio para miúdos nascidos em 1999 e ele foi o único de 2001 a ser convocado. Olhe, nem me lembro em que lugar ficámos, mas ganhámos o troféu fair play, que tinha como prémio uma visita ao centro de estágio do Benfica. Eles detetaram o talento, esteve duas épocas no Benfica de Loulé, depois rumou ao Seixal e o resto é história", conta o técnico, atualmente ao serviço da Casa do Benfica de Tavira.
Na formação encarnada passou a ser conhecido como o feiticeiro - porque rematava de qualquer lado e a bola acabava quase sempre por entrar -, mas agora festeja à pistoleiro e os golos no Mundial foram sentidos de forma especial em Olhão. "Claro, é normal. Ficaríamos contentes se fosse qualquer outro, mas assim o orgulho é ainda maior. Não é todos os dias que sai um atleta de elite aqui de Olhão", assume Tiago Faustino, que não quer qualquer mérito pelo trajeto de Gonçalo. "Se tiver é para aí 1 ou 2%. O mérito é quase todo dele, mas admito que não me importava de ficar com 1% da futura transferência", termina, entre risos, o primeiro treinador do avançado.
Mendes e Danilo voltam ao PSG
A dupla portuguesa recebeu ordens para regressar ao Paris Saint-Germain e tratar das lesões contraídas no Mundial. Nuno Mendes (lesão muscular) e Danilo (fratura de três costelas) deixam hoje a comitiva.
Ten Hag diz que Ronaldo é passado
O técnico do Manchester United, Erik ten Hag, pronunciou-se pela primeira vez sobre CR7, após a saída do avançado: "O Cristiano foi embora e isso é passado. Agora estamos a olhar para o futuro".
Revista de imprensa
O "The Guardian" aborda a entrada de Gonçalo Ramos para o lugar de CR7, que já não é "a maior força do futebol". "Decisão arriscada, mas absolutamente acertada do técnico", defendem.
A "Marca" escolheu o onze ideal dos oitavos de final, com Pepe e Gonçalo a serem os portugueses eleitos. O avançado foi considerado o MVP da primeira eliminatória no Catar.
A "Gazzetta dello Sport" destaca a exibição do "novo pistoleiro português, que sentou CR7 e respondeu com três golos". "O avançado do Benfica já vale 80 milhões", dizem.