O motociclista português Paulo Gonçalves (Honda) foi, esta quinta-feira, penalizado em 15 minutos no Dakar 2015, o que o deverá ter afastado em definitivo de vencer a prova, apesar de continuar a pressionar a liderança do espanhol Marc Coma (KTM).
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Gonçalves voltou a dar nas vistas, na 11.ª etapa, classificando-se em segundo nos 357 quilómetros cronometrados entre Salta e Termas de Rio Hondo e ganhando cerca de dois minutos e meio a Coma, que foi sexto.
A má notícia para Gonçalves veio da decisão dos comissários, ainda relativa à etapa anterior - uma penalização de 15 minutos, por mudança de motor da mota. Na equipa HRC, o espanhol Joan Barreda, já afastado da vitória final, cedeu o motor a Paulo Gonçalves e ficou com o do chileno Jeremias Israel, que entretanto desistiu.
"Ontem [quarta-feira] foi um final de dia muito complicado. Depois de terminar a etapa bastante bem tive um problema com o motor. Como era o dia maratona não tínhamos a equipa mecânica para nos ajudar e precisávamos de um motor. Olhando para as classificações, Jeremias Israel disponibilizou-se para nos entregar o seu motor e no final eu, Hélder Rodrigues, Jeremias Israel e Joan Barreda fizemos um trabalho incrível, mudámos motores de umas motos para outras", explicou no final Paulo Gonçalves.
Paulo Gonçalves destaca o sacrifício de Jeremias Israel e dedica desde já o segundo lugar ao chileno, já que sem o "seu sacrifício" não seria possível continuar. "Com esta penalidade, dou gratuitamente 15 minutos aos meus adversários, mas são as regras da corrida e valem para todos. Antes já era difícil recuperar, agora é ainda mais difícil, mas o problema que tive ontem [quarta-feira] os outros também podem ter e por isso ainda não é tarde para esperar terminar na melhor posição", acrescentou.
Com esta penalização, Paulo Gonçalves, que terminou a 11.ª etapa em segundo, a 17 segundos de Barreda - novamente vencedor de uma tirada -, e que se tinha colocado a pouco mais de cinco minutos de Marc Coma (KTM), líder da prova, fica assim a 20.12 minutos do catalão, agora mais próximo do seu quinto triunfo no Dakar, segundo consecutivo.
A duas etapas do final, a desvantagem parece ser já não recuperável, pelo que Paulo Gonçalves aspira agora a manter o lugar e repetir o melhor lugar luso no Dakar, antes obtido por Ruben Faria (em 2013).
Na geral, Gonçalves ainda tem uma boa margem para o terceiro, agora o australiano Toby Price (KTM), cujo atraso para Coma é de 31 minutos.
Quanto a Barreda, já com duas penalizações, alcança o seu quinto triunfo na presente edição, mas na geral nem no top-10 vai terminar.
Mais dois motociclistas portugueses conseguiram hoje chegar entre os dez primeiros, com Ruben Faria a ser quarto, a 1.43, e Hélder Rodrigues oitavo, a 5.25.
Ruben Faria, essencialmente virado para apoiar o seu chefe de fila, Marc Coma, segue em sexto, com um atraso de 1:40.43 horas e já sem qualquer hipótese de chegar ao top-5. Hélder Rodrigues também não está no seu melhor, com o 12.º lugar, a 3:25.39.
"Foram dois dias de pistas de serra de que gostei bastante. O Chile foi muito complicado para mim em termos físicos e senti que estava mesmo no meu limite. Com a entrada na Argentina, o terreno mudou e para mim este tipo de percurso é mais 'amigo' do meu pulso, com o qual tenho sentido mais dificuldades. A clavícula felizmente até ao momento não me deu problemas. Está a ser um Dakar muito duro mas muito giro e faltam apenas dois dias para chegar a Buenos Aires", disse no final o piloto algarvio.
Em automóveis, o domínio do catari Nassar Al-Attiyah (Mini) tem sido uma constante desde o primeiro dia e esta quinta-feira não foi exceção: nova vitória, em 1:53.10, deixando o seu companheiro de equipa, o argentino Orlando Terranova, a 27 segundos.
Além de aumentar na geral o avanço para o sul-africano Giniel de Viliers (Toyota), para 29.01, vê o anterior terceiro, o saudita Yazeed Alrajhi (Toyota), desistir. Em terceiro está agora o polaco Krzysztof Holowczyk (Mini), a 1:28.49.
Com o azar de Alrajhi beneficiou o português Carlos Sousa (Mitsubishi), que passa de nono para oitavo da geral (a 3:44.20), bem como Ricardo Leal dos Santos (Nissan), a progredir um lugar também, para 25.º (a 11:17.49).
Carlos Sousa foi oitavo, a 2.27 do piloto catari, e Leal dos Santos o 21.º, a 5.38.
"Pelo segundo dia consecutivo, fizemos uma etapa limpa, sem registo de qualquer problema. Entrámos bem e conseguimos imprimir um ritmo forte até final da especial. O carro esteve perfeito e só foi pena o percurso não ser mais extenso, porque as diferenças finais acabam por ser curtas...", disse Carlos Sousa.
Depois do infortúnio de Alrajhi, o sétimo lugar ainda está na mente do piloto português: "Confesso que a minha ambição é ainda tentar chegar ao sétimo lugar, porque foi esse o objetivo que definimos para esta edição. Fácil não vai ser, até pelo maior potencial competitivo dos Mini. Mas vamos acreditar até ao fim e dar a luta possível ao Ten Brinke, nestas duas especiais que faltam até Buenos Aires".
Na sexta-feira realiza-se a penúltima especial do Dakar 2015. Os pilotos até Rosario, com uma especial com 298 quilómetros precedida de uma longa ligação com 726 quilómetros.