Guia para enfrentar a Bélgica: pontos fortes e fracos, onze expectável e estatística
Portugal vai enfrentar a Bélgica, a atual seleção número um no ranking da FIFA, nos oitavos de final do Euro. Mas o que esperar da equipa de Roberto Martínez? Qual o onze expectável e como pode a Seleção Nacional aproveitar os pontos fracos dos belgas?
Corpo do artigo
A Bélgica foi umas das seleções que fez a fase de grupos perfeita ao vencer os três jogos, com apenas um golo sofrido e sete marcados, três deles por Lukaku. Os últimos confrontos em jogos oficiais favorecem a Bélgica. Venceram Portugal por três vezes, tendo empatado outras três e perdido duas.
Entre 2000 e 2014, a Bélgica passou um período mais difícil na sua história, ao não conseguir participar nos Campeonatos do Mundo de 2006 e 2010 e nos Euro de 2004, 2008 e 2012. No entanto, a evolução nos últimos anos é clara. O país começou a produzir mais jogadores que são figuras nos principais campeonatos europeus e teve mais presenças nas grandes competições internacionais.
Onze expectável
A Bélgica deverá alinhar num sistema de 3-4-2-1 que pode transformar-se num 3-4-3, dependendo do momento do jogo. Na defesa, Alderweireld e Vertonghen já são dupla de longa data e a dúvida reside na escolha entre Boyata e Denayer. Nas alas, Thorgan Hazard deverá manter a titularidade na esquerda pela disciplina tática que tem e qualidade na definição ofensiva. Do lado direito, tanto Meunier como Castagne são opções de qualidade e têm uma boa projeção ofensiva.
No meio campo, Tielemans é intocável: oferece concentração no posicionamento defensivo e com bola é dos melhores na distribuição. Dendoncker jogou dois jogos na fase de grupos, mas caso Witsel esteja em boas condições físicas pode ser ele o titular. Ambos focam-se mais na tarefa defensiva de forma a soltar Tielemans.
A frente de ataque é algo imprevisível. O mais provável é ver De Bruyne encostado mais à direita e Lukaku a ponta de lança, mas ambos podem trocar de posição frequentemente. Na esquerda, Mertens é a opção mais provável pela consistência que mostrou até agora.
Este será um possível onze base, mas podem surgir variações. De Bruyne pode jogar ao lado de Tielemans, o que resulta em Lukaku a jogar a ponta de lança e uma das opções para extremo ir a jogo. Isto dá menos consistência defensiva, tendo em conta que De Bruyne é médio para jogar mais junto à área e Tielemans não oferece os equilíbrios defensivos de Dendoncker ou Witsel. O médio do Manchester City pode também jogar como falso 9 para dar a direita a Lukaku, retirando-o assim da marcação direta dos centrais e oferecendo mais mobilidade a De Bruyne.
Pontos fortes
A parceria Lukaku-De Bruyne é a mais perigosa para Portugal. O avançado, se jogar mais encostado à direita, vai fugir à marcação de Pepe e Rúben Dias e procurar correr para o espaço nas costas da defesa e aparecer isolado. De Bruyne a falso 9 não será um ponta de lança tradicional, mas sim alguém que vai recuar, ligar jogo, tirar referências de marcação aos defesas e assumir o jogo com bola, para definir para as movimentações dos outros avançados.
Caso Lukaku jogue como ponta de lança, vai fazer jus à qualidade em jogar de costas para a baliza. O avançado consegue receber, aguentar a bola e tabelar com um colega para aparecer em zona de finalização, ou então depois de receber roda sobre o defesa para ficar em posição de remate.
A Bélgica não é uma equipa que é muito desenvolvida em ataque posicional, procura mais ligar o jogo de forma direta entre defesas e avançados. É uma equipa que aposta mais no ataque à profundidade, procurando frequentemente as corridas de Lukaku. Os avançados interiores não aparecem muito em zona de finalização, mas são importantes para darem opções de passe por dentro e atraírem marcações.
Pontos fracos
Quando a Bélgica não tem a posse de bola e tenta pressionar em zonas mais subidas do campo deixa muito espaço entre as linhas avançadas e médias. Este espaço também é visível quando a equipa está em transição defensiva, sobretudo por ter apenas dois médios centro nas tarefas defensivas, o que pode causar desvantagens numéricas, tendo em conta que apenas dois jogadores cobrem uma área do campo mais reduzida.
Os defesas centrais belgas quando estão sob pressão encontram dificuldades em servir os médios. Procuram, neste contexto, o jogo direto lançando a bola diretamente para os avançados.
O que Portugal tem de fazer para superar a Bélgica
Portugal poderá pressionar a saída da Bélgica em primeira fase de construção. Se os centrais adversários estiverem desta forma condicionados, terão dificuldades em fazer a bola chegar aos médios mais criativos, sendo forçados a ligar jogo diretamente com os avançados. Nesta situação, Portugal tem mais hipóteses de recuperar a posse, tendo em conta a imprevisibilidade dos duelos aéreos.
Como os belgas são uma equipa que joga apenas com dois médios centro, caso Portugal mantenha o sistema que jogou contra a França, poderá conseguir criar superioridade numérica ou, pelo menos, encaixar nos médios contrários. Defensivamente, podem conseguir condicionar a ação destes jogadores e retirar-lhes tempo de decisão. Ofensivamente, podem tentar criar desequilíbrios, atraindo a marcação de um dos médios adversários quando o médio defensivo português tiver bola, para que um dos interiores fique sozinho para receber.
O espaço entre linhas que a Bélgica deixa é uma das melhores formas de Portugal capitalizar ofensivamente. Conseguindo colocar jogadores nesses espaços para receberem, rodarem e ficarem de frente para a baliza para definirem a jogada é algo que pode originar situações de perigo. Em transição ofensiva esses espaços existirão e Portugal pode ferir o adversário em ataque rápido.
O que as estatísticas dizem sobre as equipas
A Bélgica faz mais remates por jogo que Portugal (10 contra 9). A seleção Nacional realiza mais passes chave por jogo (10 contra 8). Nos duelos aéreos, a diferença é mais substancial, com Portugal a vencer 57% por jogo e a Bélgica apenas 45%. Não há nenhuma equipa com maior percentagem de sucesso de desarmes por jogo como Portugal: 72% contra os 53% da Bélgica.
Portugal distancia-se da Bélgica a nível de "número de golos esperados" (xG), métrica que calcula a qualidade de uma oportunidade de golo com base na probabilidade dela ser golo. Portugal tem um xG de 2,4 e a Bélgica 1,26.