Lenda romena tornou-se dono e treinador do clube em que iniciou a carreira para levá-lo ao primeiro título de campeão
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Como se não bastasse ter sido o maior jogador de sempre do país, Gheorghe Hagi tem dedicado os últimos anos a remar contra a maré do futebol romeno, manchado por escândalos, polémicas, problemas financeiros e fustigado por desaparecimentos de clubes, mais ou menos históricos, que não resistem à má gestão e à falta de dinheiro. Como fez nos tempos de jogador, Hagi surgiu como um oásis neste deserto. Depois de meter as chuteiras no baú e de dar os primeiros passos como treinador, voltou a Constanta, onde nasceu, cresceu e começou a carreira profissional. Fundou um clube, criou a melhor academia de formação do país e em 2021 juntou o Viitorul ao Farul, o primeiro emblema que representou e que nesse ano lutava para sobreviver. Tornou-se dono, investidor maioritário e treinador: agora, está no caminho certo para fazer dele campeão pela primeira vez.
Cinco anos antes de se unirem, em 2016, ao mesmo tempo que o Viitorul se preparava para consumar uma ascensão meteórica desde o terceiro escalão até ao título, o Farul declarou falência. Não desapareceu de vez porque um grupo de adeptos não deixou, mexendo-lhe o nome (Suporter Spirit Club Farul Constanta), mas preservando a essência, e mantendo-o em atividade, mesmo que fosse longe da elite. Dois anos depois, o nome Farul Constanta foi adquirido por um ex-jogador transformado em empresário, que, depois, convenceu os adeptos a unirem forças para levantar o clube. Mais dois anos passaram e o Farul voltou a ser visto no primeiro escalão.
Por esta altura, já Hagi engendrava um plano para voltar às origens e devolver ao Farul o que este lhe havia dado na juventude. A solução foi esquecer a rivalidade recente entre o Viitorul e o Farul, unir os dois pelo nome do segundo e fazer de Constanta a sede daquele que quer ser o melhor clube da Roménia. O site oficial não podia ser mais claro: "A ambição é criar uma nova era no futebol romeno". Ex-jogador do clube, Hagi passou a ser dono, investidor e treinador, tudo ao mesmo tempo, ainda que a presidência tenha ficado para Gheorghe Popescu, outra lenda do país. No ano seguinte a ser promovido da II Divisão, o Farul acabou o campeonato como quarto classificado e esta época, com o plantel mais jovem, tem dominado a liga, superando históricos como Cluj, pentacampeão, Steaua Bucareste e Rapid Bucareste.
Quarenta anos depois de ter saído para ir encantar o resto do Mundo com as camisolas do Real Madrid, do Barcelona ou do Galatasaray, Hagi ultima outra obra de arte, agora em casa.