Hapoel Jerusalém: o clube que vive para unir israelitas e palestinianos
Criado em 2007, o Hapoel Jerusalém usa o futebol para promover a tolerância e a inclusão entre judeus e arábes.
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Jerusalém é uma cidade historicamente dividida. Próxima da Palestina e da Faixa de Gaza, coloca-se assim a jeito para estar no centro de um conflito que dura há décadas e que nos últimos dias escalou para níveis medonhos. Na capital israelita, as divisões começaram por ser religiosas, tornaram-se étnicas, culturais e políticas, e também são levadas a sério no desporto e no futebol. É lá que está o Beitar, um clube que não aceita jogadores de origem árabe, apoiado por adeptos que cantam “morte aos árabes” e cujo extremismo nega qualquer empatia por refugiados. Mas também é lá, quase ao lado, que o Hapoel Katamon Jerusalém levanta a voz pela tolerância, pela inclusão e contra o racismo. Nos últimos anos, quase nada nem ninguém tem feito tanto para trazer alguma decência e humanidade à relação israelo-palestiniana.
É verdade que, desde que foi refundado e repensado, em 2007, o Hapoel Jerusalém construiu um palmarés de respeito, contrariando as perspectivas mais pessimistas que não lhe viam pernas para andar, tendo trepado da última até à primeira divisão do futebol do país, mas a vertente desportiva nunca foi a prioridade, com o futebol a ser visto, principalmente, como algo capaz de transformar o contexto social e contribuir para mudar mentalidades. Estando mesmo no meio da luta e da disputa entre Israel e Palestina, judeus e árabes, não espanta que este tenha sido o ponto de partida para a criação de programas, eventos e até equipas de futebol capazes de unir pessoas e povos que as mais altas instâncias teimam em inflamar através de propaganda barata e de discursos bélicos.