Treinador garantiu há seis meses, na apresentação, que o Benfica seria arrasador, mas a equipa já falhou três objetivos nesta época e a conquista do título tornou-se um sonho difícil.
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Há precisamente seis meses, no dia 3 de agosto de 2020, Jorge Jesus foi apresentado, com pompa e circunstância, no Seixal, onde deixou duas garantias: a de que as águias iam arrasar e a de que jogariam o triplo. Meio ano depois, a realidade é muito diferente da prometida. As frases bombásticas do técnico têm hoje um eco estrondoso, já que os encarnados não conquistaram, até agora, qualquer objetivo, a que se acrescenta um percurso sofrível no campeonato. A derrota, em Alvalade, aumentou para nove pontos a desvantagem para o líder Sporting e, na história do campeonato português, os números são elucidativos: nunca uma equipa conseguiu anular uma diferença tão grande e sagrar-se campeã.
Apesar de o presidente Luís Filipe Vieira ter investido mais de 100 milhões de euros em reforços, Jesus vive, como treinador do Benfica, a pior primeira volta na Liga, com três derrotas e três empates em 15 jogos. Em toda a história, o emblema lisboeta só fez pior em 2007/08, quando, à passagem da 16.ª jornada, só tinha somado 30 pontos. Nesta altura, tem 33.
Os problemas estão longe, porém, de se cingir ao campeonato. Aliás, começaram a 15 de setembro, dia do desaire com o PAOK na pré-eliminatória da Champions. A confiança esvaiu-se, a que se aliou um enorme rombo nos cofres da SAD.
Dois dias antes do Natal, nova desilusão. A derrota com o F. C. Porto, na Supertaça, aumentou o temor sobre o valor da equipa e, pior do que isso, Jorge Jesus mostrou estar ainda à procura de um modelo eficaz.
Novo fôlego dura pouco
No Dragão, o empate frente ao campeão deu origem a um novo fôlego, que durou muito pouco. Um surto de covid-19 atirou ao tapete o Benfica, que, debilitado, perdeu nas meias-finais da Taça da Liga com o Braga e, a seguir, empatou no campeonato com o Nacional. Jesus testou positivo ao novo coronavirus e viu-se impossibilitado de estar no banco no dérbi, jogo em que o conjunto voltou a mostrar muitas debilidades.
Ao fim de seis meses, o balanço é pobre: além da perda de troféus e de metas, o Benfica continua sem ganhar aos rivais e, em 2020/21, já perdeu duas vezes com o Braga. Além da tentativa de fazer uma recuperação histórica no campeonato, os encarnados têm a Taça de Portugal e a Liga Europa. Do céu ao inferno, Jesus tentará, na segunda metade da época, voltar a tocar as estrelas. O cenário é difícil mas não impossível.