Médio, de 18 anos, estreou-se a titular frente ao Estoril, no Estádio da Luz, onde chegou em 2016 para lutar pelo sonho de jogar pelo clube do coração.
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A afirmação de João Neves de águia ao peito está mais acelerada do que nunca, depois de o jovem médio ter alcançado mais um marco importante numa ascensão vertiginosa na hierarquia benfiquista. Depois da estreia oficial e da estreia na Liga dos Campeões, eis a primeira vez a titular na equipa principal, algo que, no Seixal, começou a ser tido como uma certeza praticamente desde 2016, ano em que João Neves foi descoberto no Algarve para "começar a servir o clube do coração".
Natural de Tavira, o novo menino-bonito da Luz, chegou ao Benfica com 12 anos, depois de dar nas vistas "num torneiozinho, no sintético junto ao Estádio da Luz". Antes disso, passou pela Casa do Benfica em Tavira e pelo Centro de Formação e Treino do Benfica em Faro. Já aí o benfiquismo lhe saía por todos os poros e esse sentimento só ganhou mais força à medida que os anos foram passando no Seixal, longe da família, principalmente da mãe que, no início, não via com bons olhos uma mudança tão drástica.
"Lembro-me de estar com a minha mãe na cama a falarmos à noite do momento de decisão e perguntei: 'é mesmo isto, vou em frente?' Mas ela disse: "sabes que não quero que vás, és muito pequeno, mas se é o teu sonho vou apoiar-te". Vim e foi a melhor decisão. Neste momento não me arrependo nada. Nunca tive falta parental, estive sempre acompanhado. Todas as noites às 23 horas ligo aos meus pais", contou João Neves, numa entrevista aos canais oficiais do Benfica.
Camisola dentro dos calções, sinal de irreverência
Na formação, João Neves passou por todos os escalões a partir dos sub-13 e nesta temporada a lógica recomendava que se mantivesse ainda nos sub-19. Aliás, foi lá que começou a época, quando já treinava com os maiores. Ainda jogou pelos sub-20, pelos sub-23 e pela equipa B, antes de convencer definitivamente Roger Schmidt. No penúltimo dia de 2022, estreou-se oficialmente pela equipa principal, marcada pela derrota em Braga (3-0), com a camisola dentro dos calções, num aprumo que já não se usa mas que se tornou numa imagem de marca e um sinal de irreverência de quem sempre compensou a inferioridade física com qualidade técnica, visão de jogo, toque de bola e capacidade de passe. Um pouco como o ídolo, Pablo Aimar.
Desde aí, o "início do ciclo mais importante a servir o clube do meu coração", como o próprio deu conta, foi aproveitando todos os minutos que lhe tocavam, normalmente poucos e na parte final dos jogos, e os treinos para ganhar protagonismo e não defraudar quando fosse chamado a ajudar. Ao 15.º jogo pela primeira equipa, estreou-se a titular num onze que também contava com Gonçalo Ramos, o amigo que é filho de um dos treinadores de João Neves no Algarve, e logo com uma exibição de encher o olho.
Com contrato com o Benfica renovado recentemente até 2028, ao médio de 18 anos ainda falta marcar o primeiro golo, estando muito em aberto a possibilidade de ser campeão logo na época de estreia.