Jorge Jesus pode tornar-se, no sábado, aos 65 anos, no primeiro treinador português a conquistar a principal competição sul-americana de clubes, a Taça Libertadores, naquele que será o mais importante troféu em três décadas de carreira como técnico.
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A cumprir a 31.ª temporada como treinador, iniciada em 1989/90, ao serviço do Amora, Jesus precisa de bater na final os argentinos do River Plate, os detentores do título, para fazer história no gigante brasileiro. Em pouco mais de quatro meses, Jesus já conquistou o coração dos adeptos do "Fla", mais do que pelas vitória, pela forma como a equipa os consegue, pelo atraente futebol que pratica e tem sido traduzido em resultados, com dois troféus à "mão de semear".
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O treinador português pode dar ao Flamengo a Champions da América do Sul, que seria apenas a segunda do clube, depois do sucesso de 1981, num conjunto comandado em campo pela categoria de Zico e que tinha o ex-benfiquista Mozer como central. O fim de semana pode, aliás, trazer dois títulos para o palmarés dos rubro-negros, que se sagrarão campeões brasileiros pela sexta vez, e primeira desde 2009, se o Palmeiras não vencer no domingo na receção ao Grêmio. Sê-lo ia com quatro jornadas por disputar.
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A conquista do Brasileirão é uma questão de tempo, enquanto a 60.ª edição da Libertadores se decide no sábado, num só jogo, em Lima, no Peru, e será o grande título de Jesus, que, na Europa, esteve em duas finais da Liga Europa, ao serviço do Benfica, mas não conseguir ganhar nenhuma.Em 2012/13 perdeu com o Chelsea (2-1), e no ano seguinte com o Sevilha, no desempate por penáltis (4-2).
No currículo internacional, consta apenas uma Taça Intertoto, que arrebatou pelo Braga, porque os minhotos foram a equipa das 11 vencedoras da terceira ronda da prova que chegou mais longe (oitavos de final) na Taça UEFA.
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Em Portugal, Jorge Jesus, que cumpriu em solo luso as primeiras 29 temporadas da carreira, contabilizando 10 títulos pelas águias entre as épocas 2009/10 e 2014/15. Depois de passagens pelo Amora, que subiu à Liga de Honra (atual LigaPro) em 1991/92, Felgueiras, com promoção ao primeiro escalão em 1994/95, União da Madeira, Estrela da Amadora, Vitória de Setúbal, Vitória de Guimarães, Moreirense, União de Leiria, Belenenses e Braga, Jesus chegou à Luz com 55 anos e prometeu de imediato colocar a equipa jogar o dobro.
O Benfica foi logo campeão em 2009/10 e, após seis anos, o saldo foi de três campeonatos, uma Taça de Portugal, uma Supertaça e cinco Taças da Liga, faltando-lhe a consagração europeia, que esteve muito perto de conseguir.
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Com enorme polémica, mudou-se então para o Sporting, que esteve muito perto de levar ao título em 2015/16, ao somar 86 pontos, insuficientes, porém, face aos 88 do Benfica, do sucessor Rui Vitória. Jorge Jesus falhou nessa época e, nas duas seguintes, não esteve sequer perto de repetir a façanha, mas, nos três anos, recheou o palmarés com dois títulos, a Supertaça (2016), logo na estreia, face ao Benfica, e mais uma Taça da Liga (2017/18).
Depois da invasão da Academia do Sporting, partiu, contrariado, mesmo com muitos euros envolvidos, para a Arábia Saudita, para representar o Al-Hilal, saindo antes do final da época. A experiência foi curta e a pausa na carreira também, porque rapidamente apareceu o Flamengo, ao serviço do qual está muito perto de conquistar dois títulos, depois de 23 vitórias, oito empates e apenas duas derrotas, em 33 jogos (71-27 em golos).
Caso conduza o Flamengo à vitória no sábado, Jorge Jesus junta o nome à restrita lista de treinadores portugueses que já alcançaram êxitos internacionais, como é o caso de Artur Jorge (Taça dos Clubes Campeões Europeus pelo F. C. Porto), José Mourinho (Taça UEFA e Liga dos Campeões pelo F. C. Porto e Liga dos Campeões pelo Inter de Milão), André Vilas-Boas (Liga Europa pelo F. C. Porto) e Manuel José (quatro Ligas dos Campeões Africanas e duas Supertaças de África pelo Al-Ahly).