Jorge Jesus: Os elogios a Varandas, a coragem de Ruben Amorim, a mágoa com Conceição e uma revelação curiosa
O treinador do Al Hilal deu uma extensa entrevista ao Canal 11 em que toca em vários pontos importantes. Desde a opção de ter treinado o Sporting, à coragem de Frederico Varandas em ter afastado as claques ou até aos elogios a Ruben Amorim que deixou os leões a meio da época para se aventurar no Manchester United.
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Jorge Jesus deu uma entrevista o Canal 11 na qual tece rasgados elogios a Frederico Varandas, presidente do Sporting, pela forma como rompeu com as claques. "Há uma franja de adeptos, sendo a minoria, que conseguem controlar a maioria. O Sporting, o F. C. Porto e o Benfica vivem com esse drama. O Sporting acabou, o Varandas foi corajoso e está a fazer um trabalho espetacular. Essa minoria consegue desestabilizar, o Vítor Bruno sofreu como sofrem todos", adiantou o treinador do Al Hilal.
O técnico também olhou para trás e recordou os tempos em que treinou o Sporting, revelando que se fosse agora a opção tinha sido outra: "Não quero repetir aquilo que fiz quando saí do Benfica para o Sporting, nunca mais vou fazer a mesma coisa. A questão sentimental do meu pai teve influência na decisão de treinar o Sporting. No dia em que me convidaram aceitei por ele, não chegou a ver-me treinar o Sporting, mas foi por ele que o fiz".
O treinador elogiou ainda Ruben Amorim por ter tido a coragem de trocar o Sporting pelo Manchester United com a época em andamento, revelando ainda que não teve a ousadia do compatriota: "Eu percebo-o perfeitamente, porque eu este ano tive a possibilidade de cumprir o meu sonho e não tive coragem de ir embora. Ele teve essa coragem. Porque não tive coragem? Porque sou muito bem tratado aqui na Arábia Saudita, porque eu trouxe os jogadores e não os podia abandonar. Que sonho era esse? Não posso revelar, fica só para mim. Se era um clube ou seleção? Não posso dizer. Tem de ficar no segredo dos deuses".
Mais a fundo, Jorge Jesus explica que Ruben Amorim "vai demorar a implementar as ideias dele" no Manchester United. "Em Inglaterra há muitas equipas a jogar em 3x4x3 ou 3x5x2, mas é difícil. No Sporting foi mais fácil, porque pôde escolher os jogadores para este sistema. No United está a tentar fazer isso com jogadores que não foram escolhidos por ele. Mas ele vai conseguir. Eu gosto dele, foi o jogador que mais anos esteve comigo", explicou.
Jorge Jesus, de 70 anos, recordou um episódio com Sérgio Conceição no Dragão, quando ainda estava no Benfica, o que fez romper a relação de amizade entre ambos, construída quando o agora técnico do Milan era seu jogador no Felgueiras: "Eu tinha uma relação quase familiar com o Sérgio Conceição, mas tivemos um episódio parvo, que acontece entre treinadores, sobretudo no fim do jogo, e nunca mais reatámos a relação. Hoje vejo as coisas de forma diferente e tenho pena. A vida hoje não dá para as pessoas se chatearem. O Sérgio Conceição tem 50 anos e leva as coisas de uma forma muito intensa, como eu levava com a idade dele. Eu já tenho uma idade diferente e olho para as coisas de forma diferente".
O treinador confessou que quando deixou o Al Hilal, a meio da época 2018/19, era com a intenção de voltar ao Benfica, mas acabou por assinar contrato com o Flamengo, levando o clube brasileiro a conquistar a Taça Libertadores. "Da primeira vez que saí do Al Hilal, foi para ir para um clube, mas não aconteceu. Que clube? Era o Benfica. O presidente Luís Filipe Vieira queria-me, mas não deu e depois tive de ir para o Brasil. E ainda bem que assim aconteceu, porque foi um ano espetacular. O Flamengo foi o maior clube que eu treinei, nisso não há hipóteses. Depois do Flamengo, aí sim, voltei ao Benfica".
Depois considerou que tanto o Benfica como o Sporting e o F. C. Porto teriam dificuldades em jogar na Liga da Arábia Saudita: "O Sporting, o Benfica e o F. C. Porto iam ter muitas dificuldades, mas mesmo muitas dificuldades na Liga Saudita. Na minha opinião, os três grandes perderam qualidade nos últimos anos. E perderam qualidade pelas questões financeiras. Há cinco ou dez anos, os clubes portugueses compravam bons jogadores no Brasil ou na Argentina e faziam desses jogadores, grandes jogadores. Hoje os maiores campeonatos já perceberam como se faz e começaram eles a ir ao Brasil e à Argentina. De vez em quando aparece um Gyokeres ou volta um Di Maria, mas só isso. Principalmente do Benfica, acho que só o Di Maria jogava na minha equipa".