O treinador da Roma faz 60 anos na próxima quinta-feira. Recorde algumas das marcas que Mourinho conseguiu e fizeram história.
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Os recordes
Troféus europeus
É o único treinador a conquistar todos os troféus europeus de clubes. Venceu duas Ligas dos Campeões, uma Taça UEFA, uma Liga Europa e a Liga Conferência. Nunca perdeu uma final europeia.
Casa forte
Durante nove anos não perdeu um jogo em casa. De 2002, na derrota com o F. C. Porto diante do Beira Mar, até 2011, quando o Real Madrid escorregou com o Gijon, somou 150 jogos invicto.
Marca no Real Madrid
Em 2011/12, levou o Real Madrid ao título em Espanha com 100 pontos e 121 golos marcados. Até então nunca nenhum clube espanhol tinha conseguido chegar a uma centena pontual.
Marco de vitórias
Em outubro de 2022, após a Roma bater o HJK, chegou às 107 vitórias europeias e ultrapassou Alex Ferguson como o treinador com mais triunfos em jogos internacionais.
As inovações
Preparação dos jogos
No F. C. Porto entregava um documento a cada jogador com a forma de jogar da equipa adversária e ainda sobre as características individuais de cada adversário. A preparação dos jogos era feita ao pormenor e isso também fazia a diferença.
Mind games
As jogadas psicológicas fizeram história e a partir de José Mourinho muitos treinadores passaram a servir-se das conferências de imprensa para transmitir uma determinada mensagem à equipa, mas sobretudo para fazer mossa no adversário.
Mensagens
A questão psicológica é agora muito utilizada no futebol, mas há 20 anos Mourinho surpreendeu, ao colar nas paredes do balneário páginas dos jornais com as críticas dos adversários à sua equipa. Era uma forma de espicaçar os jogadores.
Periodização tática
Nunca separou os treinos físicos dos táticos e dos técnicos. A periodização tática foi preconizada por Vítor Frade, mas José Mourinho levou-a ao extremo como um método de trabalho de sucesso e que fez escola.
Liberdade tem preço
Inovou ao dar determinadas benesses aos jogadores para aumentar o nível de exigência da equipa. Oferecia algo, como uma folga extra, para receber como moeda de troca mais rendimento nos treinos e nos jogos.
Episódios marcantes
F. C. Porto: estragou a festa do Panathinaikos
A primeira mão dos quartos de final da Taça UEFA de 2002/03 terminou com o F. C. Porto derrotado pelo Panathinaikos (1-0) e José Mourinho não escondeu a dificuldade em digerir o resultado: "Uma equipa quis ganhar e não conseguiu. Uma equipa quis empatar, e ganhou. Mas o mais importante de tudo foi o que eu disse ao treinador do Panathinaikos no final: não faças a festa, porque isto ainda não acabou". Na segunda mão, em Atenas, os dragões acabariam por vencer, no prolongamento, por 2-0.
Chelsea: carrinho de roupa no balneário
José Mourinho estava suspenso pela UEFA, mas isso não o terá impedido de dar indicações no balneário do Chelsea, ao intervalo dos quartos de final do jogo com o Bayern Munique, que os blues acabariam por vencer (4-2), em 2004/05. Segundo o "The Times", Mourinho terá saído do balneário dos "blues" escondido num carrinho da lavandaria, debaixo do nariz dos responsáveis da UEFA, que suspeitavam que o seu adjunto, Rui Faria, teria recebido indicações durante o jogo, através de um auricular.
F. C. Porto: marcar penálti depois de sair
O F. C. Porto estava a encerrar o estágio frente ao Paris Saint-Germain, em 2002/03. A certa altura, o jogo entra na fase decisiva, no desempate das grandes penalidades, e Maniche ofereceu-se para marcar um penálti, já depois de ter saído. "Mas marcas como? Já foste substituído", respondeu-lhe Mourinho, que ouviu logo a resposta: "Não faz mal, o árbitro não nota". O treinador autorizou e mandou-o marcar o penálti que daria o golo da vitória.
Roma: perguntas antecipadas por Zaniolo
Desde muito cedo, José Mourinho habituou a controlar tudo na preparação dos jogos e, para lá dos famosos "mind games", o treinador português já antecipou perguntas dos jornalistas nas conferências de imprensa. Em abril do ano passado, quando um jornalista do Corriere dello Sport lhe perguntou sobre Zaniolo, numa altura em que se apontava o jogador à Juventus, Mourinho tirou do bolso um papel em que já tinha escrito que a segunda questão da conferência seria sobre Zaniolo. E acertou.
Real Madrid: de joelhos frente ao Bayern
Em 2011/12, o Real Madrid chegou às meias finais com o Bayern Munique. Na segunda mão, no jogo em casa e após um triunfo merengue por 2-1 em 120 minutos, quis o destino que a eliminatória fosse decidida no desempate por grandes penalidades. Mourinho ajoelhou-se quando os penáltis foram marcados. Mas o Real Madrid seria eliminado. "Foi a única vez na minha carreira que chorei após uma derrota. Ficamos eu e Karanka parados na frente da minha casa, dentro do meu carro, a chorar".
Inter: choro nos ombros de Materazzi
Após a conquista da Liga dos Campeões pelo Inter de Milão, numa final frente ao Bayern Munique, em 2009/10, José Mourinho protagoniza um dos episódios mais inesquecíveis da carreira. À saída do parque de estacionamento do Estádio Santiago Barnabeu, em Madrid, o treinador português pára, sai do carro, vai em direção do jogador Marco Materazzi, abraça-o e chora como uma criança. Um dos segredos do sucesso sempre foi a boa relação com os jogadores.