Juventude Pacense celebra subida inédita à I Divisão e hoje defronta o Turquel, no início da disputa do título de campeão.
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Às tantas, a voz de António Pinto, tão clara até então, embargou-se, os olhos ganharam aquele brilho que poucos têm a sorte de sentir e mostrar. "É indescritível", diz, a custo. Talvez mais do que para qualquer outro, para ele o que aconteceu a 22 de maio não foi um mero objetivo pensado, planeado e concretizado - que também o é -, foi uma vida toda a ganhar mais sentido. Ao fim de 50 anos, a Juventude Pacense cumprirá o destino, mas ver o clube de sempre estrear-se na I Divisão de hóquei em patins não tira a lucidez a quem começou por ser adepto, passou a jogador e ao longo dos tempos "foi tudo". "Se esta equipa é a melhor da história do clube? Foi a que atingiu o patamar que queríamos, mas antigamente não se trabalhava como trabalha agora", ressalva, sabiamente. E no Pavilhão Municipal de Paços de Ferreira essa diferença é ainda mais notória.
O Juventude Pacense não é um clube profissional, mas profissionalismo não lhe falta. "Não estamos aqui a tempo inteiro, mas pensamos o clube a tempo inteiro", diz, ao JN, o presidente Mário Pinto de Almeida, resumindo assim uma forma de estar e de trabalhar que se vem acentuando ao longo dos anos. Essa é, concordam todos, a principal razão por detrás de um êxito tão rotundo, que, ainda assim, tardou mais do que o expectável. Miccoli, contratado no início da temporada e feito logo capitão, saboreia a terceira subida à I Divisão pelo terceiro clube diferente. "O comum a todos é a ambição e o profissionalismo das equipas", garante. Já Filipe Flórido é quem melhor pode atestar essa evolução no clube. Defende o Juventude Pacense "há 16 anos" e passou por todos os escalões de formação: "Temos agora muito mais apoio a nível de staff", realça.
"Este clube ambicionava jogar no melhor campeonato do Mundo há 50 anos e para isso era necessário fazer algumas alterações. Criámos cargos que não existiam mas que são determinantes, dobramos ou triplicamos o número de pessoas diretamente envolvidas com a equipa, temos nutricionista, preparador-físico, treinador de guarda-redes...", resume Hugo Azevedo, o treinador que fica na história e que não esquece como tudo começou, "num domingo": "Disse que só viria com a intenção de subir de divisão". Dito e feito.