Drones, caças, mísseis hipersónicos. A apresentação de armas de ponta, num desfile em Pequim, foi mais do que a exibição do seu poderio militar, marcando um momento de viragem na postura da China no cenário global. De igual importância, se não maior, foi quem lá esteve para assistir. O líder chinês cumprimentou mais de 25 representantes estrangeiros no evento, mas os convidados de honra foram o russo Vladimir Putin e o norte-coreano Kim Jong-un, que ladearam Xi Jinping durante a maior parada militar da história do país.
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Para Tiago André Lopes, professor de Estudos Asiáticos na Universidade Lusíada do Porto, a parada militar foi simultaneamente uma celebração histórica e uma ferramenta de propaganda política, como acontece em todas as paradas militares, independentemente do regime político. "A China assinalou os 80 anos do final da II Guerra Mundial, mas também aproveitou para dizer que a ordem saída do pós-II Guerra Mundial deixa de ser orientada pelo eixo Londres-Washington e passa a ser centrada no eixo Moscovo-Pequim", explicou ao JN.
Se a demonstração de armas deixou pouco por decifrar, outras mensagens circularam em tons mais subtis, apontadas a diferentes alvos, mas não menos certeiras. "A parada mostrou capacidades de longo alcance, que traduz uma mensagem externa de poder e interna de segurança", especificou Pedro Ponte e Sousa, professor de Relações Internacionais na Universidade Portucalense, ao JN.