Clube de Matosinhos tirou Carlos Daniel e Joaquim Melo à rua, oferecendo-lhes motivos para sorrir rumo ao futuro.
Corpo do artigo
Sentado confortavelmente, expansivo e feliz. Assim estava Carlos Daniel, de 41 anos. A felicidade foi-lhe roubada temporariamente pelas circunstâncias da vida, que o atiraram para a rua. Mas foi recuperada. E muito graças à Leixões SAD. "É bom recomeçar. Principalmente quando se recomeça bem", afirma ao JN.
Um desentendimento com a mãe levou Carlos a renunciar à casa onde vivia e a não ter outra opção que não a rua. Durante meses, viveu dentro do próprio carro, principalmente em bombas de gasolina. "Eram sempre vigiadas", explicou. Até que, um dia, conheceu José Augusto, coordenador do Leixões, que lhe deu a mão. E uma nova vida. "Agora, só não quero que me mandem embora", diz entre risos. Hoje, Carlos tem um teto - vive juntamente com atletas mais jovens do Leixões - e colabora no clube: o transporte dos jogadores e a roupa dos treinos ficam por conta dele. E à noite, estuda. Luta para acabar o 12.º ano e já tem um desejo traçado: entrar na faculdade. "Quero tirar um curso superior relacionado com a agricultura", atira, ambicioso.
Ao lado de Carlos, Joaquim Melo, polidor de 59 anos, reservado e com um semblante carregado. Consequências das memórias de quem até à semana passada vivia nas escadas de um prédio. O casaco do Leixões que vestia chamou a atenção. E mudou-lhe a sina. "Passei muita fome. Cheguei a ir ao lixo. Vivi com uma mulher, o relacionamento correu mal. Depois vivi com o meu irmão, mas não nos entendíamos. Tive mesmo de sair de casa", conta Joaquim, cujo caso está a ser tratado pela Segurança Social.
Agora, renasce uma nova esperança para o polidor. Feliz na nova morada, já pensa em dar nova cor às bancadas do Estádio do Mar.
Quem disse que o futebol não pode ser mais do que uma simples bola a rolar?
Jogo com Santa Clara vai ajudar a Casa do Gaiato
A ligação do Leixões com a solidariedade já não é nova. Além dos casos de Carlos e Joaquim, bem como outras campanhas, já estão a ser preparadas novas causas para ajudar quem mais precisa. Depois de ajudas à Casa do Caminho, segue-se uma recolha de bens essenciais, no próximo jogo no Estádio do Mar, frente ao Santa Clara para a Taça de Portugal, para dar à Casa do Gaiato. Os bens serão entregues por jogadores e responsáveis do clube de Matosinhos e serão oferecidos, também, equipamentos. "Tentamos sempre dar a devida atenção a causas sociais e ajudar sempre que possível. Já fizemos várias campanhas. E quando chegar o Natal queremos fazer mais. O futebol não pode ser só negócio", disse Paulo Lopo, presidente da SAD.