Doze mil adeptos ingleses em "bolhas" sanitárias chegam ao Porto e voltam para casa no dia do jogo entre Manchester City e Chelsea. Assistência no estádio será maior, mas número de convidados ainda não foi divulgado pela UEFA.
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Um ano volvido, a mesma pandemia trocou as voltas ao duelo decisivo da atual edição da liga milionária, inicialmente agendado para Istambul, mas agora com epílogo no Porto. Para o Dragão, trata-se de uma oportunidade única para acolher um jogo deste calibre, pois, em condições sanitárias normais, nunca a final da Liga dos Campeões se poderia realizar num estádio com capacidade para 50 mil pessoas.
A UEFA teve luz verde das autoridades portuguesas para a presença de público no duelo entre Manchester City e Chelsea, uma exigência incontornável do organismo que tutela o futebol europeu, e, para já, estão garantidos 12 mil adeptos nas bancadas do Dragão, seis mil afetos a cada finalista, com bilhetes nominais e lugares marcados. A assistência total deverá, no entanto, ser superior, tendo em conta o contingente de convidados da organização, habitualmente presentes em número elevado nestas ocasiões.
Quanto aos adeptos ingleses, chegarão ao Porto no próprio´dia, em viagens que de turismo terão muito pouco, conforme ficou patente nos detalhes de segurança sanitária revelados pela ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva: "As pessoas que vierem à final virão e regressarão no mesmo dia, com teste [à covid-19] feito, em situação de bolha, ou seja, em voos charter, com deslocações para uma zona de espera. Daí, irão para o estádio e depois para o aeroporto, estando em território nacional menos de 24 horas, com testes obrigatórios, feitos antes de entrarem no avião".
Rui Moreira revela "fanzones"
O presidente da Câmara Municipal do Porto também se pronunciou sobre o evento, congratulando-se com a escolha da UEFA e confirmando que os adeptos de City e Chelsea estarão na Invicta em "bolhas sanitárias" que quase eliminarão o risco de contágio com o novo coronavírus. "Serão criados canais de acesso para entrar e sair do estádio, tal como já aconteceu em 2019, na Liga das Nações. Deverão ser organizadas duas "fanzones", com as condições necessárias para que os adeptos possam alimentar-se e entreter-se enquanto esperam pelo jogo", disse Rui Moreira, acrescentando que a PSP e a Polícia Municipal "já estão em articulação" para que o dispositivo de segurança não tenha falhas.
Da UEFA, chegou o testemunho do presidente Aleksandr Ceferín, que confirmou a enorme influência da Federação Portuguesa de Futebol e do Executivo liderado por António Costa em todo o processo: "Mais uma vez, pudemos contar com a ajuda dos nossos amigos portugueses. Estou muito grato à FPF e ao Governo português por aceitarem receber o jogo com tão pouco tempo de antecedência. Sempre que houve um obstáculo, foram criativos nas soluções apresentadas".
Modelo inédito com decisão no Estádio da Luz
No ano passado, numa altura em que a pandemia também dava sinais de abrandamento, que mais tarde se viriam a agravar, a UEFA criou um modelo inédito para decidir a Champions da época 2019/20: uma "final a oito" integralmente realizada em Lisboa, com a participação de Bayern de Munique, Barcelona, PSG, Atalanta, Lyon, Manchester City, RB Leipzig e Atlético de Madrid. Sem público nas bancadas, ao contrário do que sucederá este ano, os estádios da Luz e de Alvalade dividiram os "quartos" e as meias-finais, decididos em apenas um jogo, e a final ficou para o recinto do Benfica, onde o Bayern conquistou o título de campeão europeu pela sexta vez, ao vencer o PSG (1-0).
Perguntas e Respostas
Qual a razão para a UEFA ter alterado o plano inicial de realizar esta final em Istambul?
O agravamento da pandemia na Turquia fez com que o país ficasse na "lista vermelha" das viagens para o Reino Unido. Os adeptos que a UEFA quer ver na final e as próprias equipas teriam de fazer quarentena no regresso a Inglaterra, o que pôs de parte a realização do jogo em Istambul.
Por que ganhou o Dragão a corrida a Wembley, que também foi hipótese para a realização desta final?
O estádio londrino chegou a ter vantagem, pois os finalistas são de Inglaterra e isso facilitaria a deslocação de adeptos, mas as autoridades inglesas não aceitaram abrir exceções para a entrada no país sem obrigação de quarentena dos convidados, jornalistas e staff organizativo da UEFA.
Não haverá restrições na chegada ao Porto dos adeptos de City e Chelsea no dia 29 de maio?
A partir da próxima segunda-feira, dia 17, Portugal passa a estar na "lista verde" de viagens de e para o Reino Unido, pelo que as atuais restrições já não se colocarão no dia da final. Neste momento, Portugal apenas impõe isolamento de 14 dias a quem viaje do Brasil, África do Sul e Índia.
A final da Champions será o único evento da UEFA com público nas bancadas?
Não. A final da Liga Europa, que se realiza a 26 de maio, terá 9500 espectadores na Arena de Gdansk. A partir de 11 de junho, todos os jogos do Euro também terão público.