Foi uma manhã agitada nas imediações da loja do Sporting de Braga, no centro da cidade. Houve quem ali tivesse chegado durante a última madrugada, mas foram o lateral Victor Gómez e o pai do treinador dos bracarenses, Artur Amorim, a alegrar quem aguardava pela sua vez para adquirir um bilhete para a final da Taça de Portugal.
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"Eu cheguei aqui às 4h55. Até lhe mostro a fotografia que tirei quando já tinha saído da mota, olhe, 04h58, está a ver?", mostra Carlos Rodrigues à reportagem do JN ao sair da loja do Sporting de Braga no centro da cidade.
O motorista, de 39 anos, foi o primeiro adepto do clube minhoto a comprar bilhetes para a final da Taça de Portugal, no Estádio do Jamor, diante do F. C. Porto, no próximo dia 4 de junho.
A hora madrugadora permitiu a Carlos ficar à frente de uma longa fila de sócios arsenalistas, que se estendia por algumas centenas de metros desde a porta da loja, bem antes dela abrir, às 10 horas, não cabendo na Rua Gonçalo Sampaio e serpenteando pela Avenida da Liberdade.
Membro do "Bragaolé and friends", grupo criado há cerca de 10 anos e que se junta para acompanhar os jogos do Sporting de Braga, Carlos Rodrigues diz ter comprado à volta de 30 bilhetes. "Que seja um bom jogo, em termos de qualidade de jogo. O Braga é capaz de estar melhor e quero que ganhe, claro, mas é sempre uma final, jogamos contra o atual campeão nacional e detentor da Taça de Portugal e nunca é fácil", diz.
Para Carlos, apesar de serem duas equipas do Norte, o Jamor é o local ideal para a final: "Aquele ambiente e envolvência são inigualáveis", defende.
Pouco depois sai Narcisa Rodrigues, de 58 anos, na companhia do filho, Hélder, de 17 anos. "Sabia que ia estar muita gente, mas esta fila surpreendeu-me um bocado", admite o jovem adepto. "O Braga tem tudo para ganhar!", atira, por sua vez, a mãe, confiante.
"Espero um bom jogo. O F. C. Porto é uma boa equipa também, vai uma vez à baliza e marca. Temos que estar muito bem na defesa e eficazes a atacar", expõe o "mister" Hélder. Vão em família. "Acima de tudo, este jogo é uma festa. Até levamos grelhador! O que vamos comer? Vai ser febras, rissóis, frango, salsichas e mais coisas", desfia a ementa.
A paciência começa a faltar para quem, e é a maioria, está na fila há mais de quatro horas, mas alguém aparece para levantar a moral. O defesa espanhol Victor Gómez vem buscar uma camisola para o primo, José Luís Perea, que o acompanha, tal como a sua namorada. Algumas fotografias com adeptos e a boa disposição do lateral espanhol e do familiar retiram alguma tensão.
Entretanto, ouve-se dizer que aquele senhor é o pai do treinador da equipa. As parecenças estão lá. "Se sou o pai do Artur Jorge? Sou, sim senhor", confirma Artur Amorim, 80 anos.
"Nem lhe disse nada que vinha aqui comprar bilhetes", revela. "Estou naturalmente orgulhoso com a época que ele e a equipa estão a fazer. Chegou a vez dele", diz.
O progenitor admite ficar "nervoso a ver os jogos do Braga, por ele". "Não consigo ver os 90 minutos, vou ao quintal um bocado. Não vou ao estádio há uns dois ou três meses, só fui ver agora o jogo da meia-final [com o Nacional]. Mas ele incentivou-me a ir à final. Sou pai e quero que ele ganhe", diz