O seleccionador de Angola, Manuel José, classificou hoje, sábado, o ataque de sexta-feira contra o autocarro da selecção do Togo como "uma aberração e um acto indescritível e contra-natura".
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Manuel José, que falava numa conferência de Imprensa na capital angolana, repudiou vivamente o ataque de metralhadora, ocorrido na fronteira entre Cabinda e o Congo, contra jogadores e pessoal técnico do Togo, mas considerou que a CAN2010 deve realizar-se apesar da tragédia.
"Por respeito e em homenagem aos próprios togoleses que foram vítimas de tal acto lamentável a todos os níveis, e também por respeito e em homenagem a todos os que em Angola se esforçaram tanto por pôr de pé o CAN, acho que o torneio se deve realizar, deve ir para a frente, porque senão estamos a ceder aos que praticaram esta barbaridade", referiu o seleccionador de Angola.
Para o técnico português, acções deste tipo nunca se deveriam misturar com o futebol porque são do foro político e militar.
Manuel José admite que o ataque armado contra a selecção do Togo "manchou este esforço tremendo que Angola vem fazendo depois da guerra para se reconstruir como nação e se mostrar ao mundo".
"Nem eu nem os meus jogadores temos palavras para descrever o que sentimos. Lamentamos profundamente o que aconteceu aos jogadores e funcionários do Togo e percebemos perfeitamente se eles decidirem não participar na competição porque imaginamos aquilo por que eles passaram", salientou Manuel José.
O capitão dos "Palancas Negras", Kali, que se sentou ao lado do seleccionador nacional durante a conferência de Imprensa, partilhou o sentir do técnico no que diz respeito ao acto terrorista contra a selecção togolesa, manifestando solidariedade com as vítimas e sobreviventes.
Sobre o jogo inaugural do CAN2010 e as perspectivas angolanas para o embate com o Mali, Manuel José considerou que a atitude positiva dos "Palancas Negras" poderá ditar a vitória dos anfitriões.
"É uma questão de atitude. Temos aqui jogadores que já estiveram num Mundial e no último CAN e é preciso atitude ganhadora dentro do campo. Com o apoio do público podemos bater qualquer equipa e também o Mali, apesar de ser uma selecção muito forte", referiu o seleccionador.
"O sistema não é tão importante como a dinâmica aplicada no jogo. É a dinâmica aplicada que faz com que um determinado sistema de jogo tenha sucesso", salientou o técnico português.