O presidente da República disse que pondera ir a Fátima por conta da vitória da Seleção Nacional no europeu de futebol, destacando a resistência dos jogadores que "aguentaram de uma forma quase sobre-humana".
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Em declarações a um pequeno grupo de jornalistas, no Palácio de Belém, no final da cerimónia de receção à seleção nacional, que domingo venceu o campeonato europeu de futebol, Marcelo Rebelo de Sousa assumiu-se como "um homem de fé" e confessou que rezou muitos terços, tal como o selecionador Fernando Santos. "Rezámos muito terços. Ele e eu [Fernando Santos]. Muitos. Ainda vou a Fátima por conta disso", admitiu.
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O presidente da República considera que esta vitória é "fruto de muito trabalho, de muito mérito, do presidente da Federação, da equipa federativa, do grande treinador que é Fernando Santos, contra tudo e contra todos", destacando que os jogadores "aguentaram de uma forma quase sobre-humana".
"O que Portugal teve superior aos outros, além do talento e do génio de vários jogadores, foi o espírito de equipa e a resistência. Eu nunca pensei que, jogando tantos prolongamentos, chegando a penáltis e portanto jogando mais tempo do que as outras equipas, com intervalos por vezes muito curtos, que aguentasse tanto", afirmou.
Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda aos elementos da seleção portuguesa de futebol campeã da Europa que graças ao seu exemplo há mais razões para acreditar em Portugal. "O dia de hoje não é igual ao de ontem. Para muitos parece que sim, ganhou-se o campeonato da Europa, continuam os problemas económicos, sociais, políticos e culturais. Há uma diferença, a diferença foi o vosso exemplo", declarou numa cerimónia nos jardins do Palácio de Belém, em Lisboa.
A diferença entre hoje e ontem é que hoje temos mais razões, devido a vocês, para acreditarmos em Portugal
Com os jogadores alinhados num palanque ao seu lado, o chefe de Estado acrescentou: "O exemplo do que é ganhar com coragem, determinação, capacidade de luta, humildade, e espírito de equipa. Isso faz a diferença. E a diferença entre hoje e ontem é que hoje temos mais razões, devido a vocês, para acreditarmos em Portugal. Viva Portugal".
Marcelo Rebelo de Sousa entregou aos elementos da seleção um alvará de concessão da condecoração que lhes será atribuída daqui a alguns dias, e referiu que "os jogadores têm todos a mesma condecoração, todos, não há primeiros, nem segundos, nem terceiros".
"E os treinadores têm todos a mesma condecoração. É a Ordem do Mérito. Não é a maior condecoração que já receberam. A maior que já receberam foi a dada pelo povo português, uma condecoração feita de orgulho e de gratidão", acrescentou.
No Palácio de Belém estiveram também o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, o primeiro-ministro e secretário-geral do PS, António Costa, o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, e a mulher do selecionador nacional, Guilhermina Santos.
No mesmo grupo estavam ainda os líderes do PCP, Jerónimo de Sousa, Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, CDS-PP, Assunção Cristas, o dirigente do Partido Ecologista "Os Verdes" José Luís Ferreira, o deputado do PAN André Silva, o vice-presidente do PSD Jorge Moreira da Silva, e os presidentes das bancadas do PS, Carlos César, e do BE, Pedro Filipe Soares.
Os elementos da seleção nacional cumprimentaram um a um todos os responsáveis políticos e seguiram a pé para jardim que fica de frente para a Praça Afonso de Albuquerque, onde estavam concentradas milhares de pessoas com bandeiras e cachecóis verdes e vermelhos. Depois, alinharam-se num palanque, perante dezenas de repórteres de imagem e funcionários do palácio.
Ó Fernando Santos, que liderança tão inteligente, tão serena, tão calma
Os responsáveis políticos colocaram-se num dos lados para assistir à cerimónia de entrega dos alvarás e aos discursos do presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, e do chefe de Estado.
Na sua intervenção, com algumas falhas no sistema de som, Marcelo Rebelo de Sousa saudou os campeões da Europa, elogiou Fernando Gomes pelo "novo espírito à frente da federação" e a liderança do selecionador, recordando a sua promessa de só voltar a Portugal no dia 11 de julho. "E voltou, com a taça. Ó Fernando Santos, que liderança tão inteligente, tão serena, tão calma, tão resistente, tão persistente, nunca tendo medo de nada", afirmou o Presidente da República.
Dirigindo-se para os jogadores, o chefe de Estado afirmou que ficou provado que "são os melhores da Europa", enalteceu a união da equipa e o esforço de todos.
Marcelo Rebelo de Sousa considerou que a seleção correspondeu ao pedido que lhes fez há cerca de um mês para que se lembrassem dos portugueses que vivem dentro e fora do território nacional.
E lembrou em especial aqueles que emigraram para França há 50 anos: "Hoje, entram nos empregos e dizem: nós não somos só cidadãos de primeira porque vem na lei do país amigo que é a França, mas porque somos tão bons ou melhores do que vocês".
A seleção assomou-se, juntamente com o presidente da República, à varanda dos jardins do Palácio de Belém com vista para a praça, da qual ouviram o hino tocado pela banda da GNR.
Não só os jogadores, mas também Marcelo levantou e pegou na taça, enquanto as pessoas concentradas na praça cantavam e gritavam pelo nome de Portugal e dos seus heróis nacionais, que traziam cachecóis a dizer "Campeões Europeus".
Depois, os jogadores voltaram a cruzar os jardins do Palácio de Belém para regressar aos dois autocarros panorâmicos que transportavam toda a equipa, com as cores da seleção nacional, onde se lia a palavra "Campeões", e aí muitos dos funcionários presentes pediram autógrafos e tiraram fotografias com os seus ídolos.
Nas despedidas, Marcelo deu um forte abraço a Cristiano Ronaldo e sussurrou-lhe ao ouvido palavras que apenas os dois sabem quais foram.