Casal David Pinto diz que a eliminação da Espanha o deixou de pé atrás, já Leila Hassan acredita que a mesma receita pode dar frutos.
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O Marrocos-Portugal dos quartos de final do Mundial do Catar vai ter um "duelo" diferente em casa de David Pinto e Leila Hassani. Casados há cinco anos, o dia de hoje promete emoções fortes. "Espero que Marrocos rebente com Portugal!", atirou a marroquina, sem conter uma gargalhada provocadora ao marido português. "Já fizeram história e se isso acontecer será sempre uma surpresa, mas espero que sejamos nós a rebentar com eles", ripostou David.
Ambos engenheiros informáticos, em Paris, foi mesmo o trabalho que os uniu e apesar de se "picarem", não vai ser o futebol que os vai desunir, longe disso. "Temos uma esperança muito grande e era top ver Marrocos seguir em frente", retomou Leila, mais a sério. "Espero que Portugal não tome como adquirido o estatuto de seleção superior, na teoria, e que leve Marrocos muito a sério", respondeu David. Para a mulher, a mesma receita até pode dar frutos. "Jogaram mais à defesa contra a Espanha e acredito que podem voltar a fazer a mesma coisa, embora se tenha perdido aqui o efeito surpresa. Os espanhóis levaram o jogo pouco a sério, talvez com algum excesso de confiança. Mas esta seleção de Marrocos mostrou ser uma equipa mais consistente do que outras seleções que tivemos", argumentou.
O que Leila tem mais dificuldade em aceitar é que digam que Marrocos terá menos pressão, porque já fez história: "Não vão deixar de dar tudo, há uma nação atrás deles, os países árabes e o continente africano. Não é pressão que chegue?"
Depois há a imprevisibilidade de ver Portugal começar com ou sem Ronaldo. "Viu-se uma seleção que funcionou melhor sem ele. Apesar de ser um animal competitivo e de correr atrás de recordes, parece que bloqueou quando deixou de marcar golos. Enquanto não marcar, vai penalizar o coletivo. Mas é um facto que está mais lento e com dificuldades para ganhar a profundidade, nem pressiona tanto o adversário. Dá a impressão de que a performance de Ramos o atingiu e se entrar com o orgulho ferido pode prejudicar Portugal. Por mim, começava do banco", argumentou David. Já Leila deixa-se seduzir, "pessoalmente preferia que jogasse", responde com alguma malícia à mistura, "Portugal jogou melhor sem ele contra a Suíça, mas não deixa de ser um grande jogador", concede, por fim.
Hoje, os pais de David e a mãe de Leila vão estar lá em casa, cada um a apoiar a sua seleção e ninguém receia a derrota. A confiança abunda. "Ganhe ou não, o David vai ouvir-me. Mas se Marrocos ganhar, vai levar comigo muito tempo", reconheceu Leila. "Se ganharmos vou ter de a aturar, mas estou pronto para isso! [risos]", desafiou David.
