Susana Torres trabalha com o treinador do F. C. Porto desde 2014 e destaca o perfil que o técnico tem para "levar uma equipa a ter resultados".
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Sérgio Conceição tem "perfil para conseguir levar uma equipa a ter resultados", de acordo com a mental coach Susana Torres, que trabalha com o técnico dos dragões desde 2014.
"É muito importante encontrar pessoas com perfil para levar uma equipa a ter resultados e se há pessoa com esse perfil é o Sérgio Conceição. Como ele já disse diversas vezes, é como conduzir um Ferrari, mas não pôr gasolina de qualidade nem fazer a manutenção. Acredito que Sérgio Conceição é um Ferrari, que precisava de alguns pequenos detalhes quando nos procurou, referiu Susana Torres, que esteve no Thinking Football Summit para debater sobre a saúde mental em atletas de alto rendimento.
Por outro lado, a mental coach definiu Sérgio Conceição como um "treinador muito desafiante e uma pessoa espetacular, mas de trato muito difícil, dada a sua exigência".
"Não trabalho com o Sérgio Conceição no F. C. Porto, embora já faça um trabalho com ele desde 2014. Conheci-o pessoalmente e começamos a fazer este trabalho. Se pensarmos bem, não somos preparados para uma série de coisas, nomeadamente lidar com toda a gente. Há pessoas com quem lidamos melhor e outras não tão bem. O treinador tem 26 jogadores e vai ter desafios com alguns deles que até têm talento e cujo investimento foi extremamente elevado. É preciso saber lidar com isso e ninguém nos ensina", vincou.
Confrontada com o controlo emocional de Sérgio Conceição, que soma 21 expulsões nas provas nacionais, 11 das quais como técnico do FC Porto, que comanda desde 2017/18, Susana Torres adiantou que o seu contributo "retira em vez de colocar todos na norma".
"Uma coisa é o que achamos que o treinador deveria ser, outra é aquilo que ele quer ser. No caso do Sérgio Conceição, é uma pessoa com um perfil muito diferente, específico e que cumpre o seu comportamento de acordo com a imagem que quer ter e a forma como quer estar no futebol. Acho que o Sérgio Conceição está correto, na medida em que, por muito que a gente não concorde, trata-se da forma como ele quer viver e sempre viveu o futebol e que lhe é característica. Há que respeitar a individualidade da pessoa", explicou.
Com o Campeonato do Mundo à porta, Susana Torres frisou que "aquilo que faz a diferença é o estado emocional".
"Ao longo do tempo, tem sido muito treinado na componente tática, técnica e física, mas parece que nos esquecemos da única coisa que comanda isto para atingir a melhor performance, que é o cérebro. Os campeões também perdem por questões mentais. Veremos equipas a saírem do Mundial2022 por detalhes, isto é, o modo como lidam com tudo o que envolve uma prova desta natureza", completou.