Há muito que nas grandes corridas mundiais de ciclismo, Tour (França), Giro (Itália) e Vuelta (Espanha) existem as motas de apoio neutro, que têm a função de estar mais perto dos corredores, em zonas em que os carros têm mais dificuldades de acesso.
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Além do motard que conduz a viatura vai um "pendura", que é um mecânico de bicicletas, e transporta pelo menos duas rodas, para auxiliar qualquer corredor que seja vítima de furo ou que a sua máquina sofra outra avaria que possa ser solucionada pelo profissional.
Aproveitando a orografia do terreno, durante o Grande Prémio do Azores/Volta a São Miguel, a Sociedade Comercial do Vouga (SCVouga), através da sua representada Shimano, responsável pelo Apoio Neutro nas mais importantes corridas lusas, decidiu fazer o teste e introduzir a Mota Apoio Neutro (MAN) em Portugal.
Aos habituais dois carros, nas difíceis estradas açorianas existia somente um carro (Fernando Pinto e Domingos Parente), aparece a mota (José Conceição e Amílcar Marques), naquela que foi a estreia em Portugal.
"Fazemos um balanço extremamente positivo desta nova ferramenta. Eram as estradas ideais para testarmos a introdução da mota, porque também era uma corrida de jovens. Estamos satisfeitos e vamos continuar", justificou ao JN, Fernando Pinto, diretor comercial da SCVouga, pai do corredor Edgar Pinto que em 2019 e 2020 correu pela W52/FCPorto.
"Nos Açores surgiu a possibilidade de testar a mota. O tipo de terreno e o fracionamento do pelotão foram um magnífico teste para a realidade do nosso ciclismo", justificou.
A empresa sediada em Águeda celebra no próximo mês de agosto 20 anos de Apoio Neutro na Volta a Portugal em Bicicleta e Fernando Pinto revela que "os integrantes da equipa da Shimano são entre quatro e seis profissionais, a maioria ex-ciclistas ou profissionais da área do ciclismo". Nas grandes provas "levamos mais dois profissionais e um camião onde transportamos 12 bicicletas e 30 pares de rodas", acrescentou.
Além das bicicletas e rodas, o Apoio Neutro é também responsável pelo apoio líquido e sólido dos corredores durante as provas, transportando muita água, sais e barras energéticas. Mas nem tudo são rosas. "A maior dificuldade são as diferentes marcas que apanhamos numa corrida e as rodas não são compatíveis, a que se juntam os desdobramentos de velocidades e os travões de disco com medidas diferentes", rematou.
Ao JN, Fernando Pinto revela que o que fizeram no Grande Prémio Azores/Volta a São Miguel é o que vão passar a fazer no continente", "tal como se faz no pelotão internacional e nas melhores corridas mundiais". "A evolução da mecânica nas bicicletas leva-nos também a inovar", disse.
A Mota Apoio Neutro está a ser utilizada em Itália, onde se corre o Giro. Em Portugal e pela primeira vez no continente, a MAN vai ser utilizada a 5 e 6 de junho, no Grande Prémio Abimota, com duas etapas com ligações entre Fátima e Vouzela e depois entre Anadia e Águeda.