<p>Celebram-se hoje, quarta-feira 25 anos desde que Carlos Lopes se tornou no primeiro campeão olímpico português, ao vencer a maratona dos Jogos de Los Angeles, em 1984. Um momento único na vida de um atleta e de um país.</p>
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Foi há 25 anos que se escreveu, a letras de ouro, o nome de Portugal na história olímpica. Em Los Angeles, Carlos Lopes tornou-se no primeiro campeão olímpico português, ao vencer a mais histórica prova dos Jogos: a maratona. Um momento que manteve o país acordado na madrugada de 12 para 13 de Agosto de 1984 e que mudou, de vez, a realidade do desporto nacional. Afinal, era possível ganhar.
Sob o calor da Califórnia, um atleta de 37 anos corria os 42,195 quilómetros em 2:09.21 horas, batia o recorde olímpico, fazia subir a bandeira portuguesa ao mastro mais alto e ouvia o hino do mais nobre lugar do pódio. Portugal já tinha um campeão olímpico e Carlos Lopes entrava para a galeria dos desportistas imortais, no ponto final de uma história que começara muito antes. O atleta do Sporting já sentira o sabor de uma medalha em Olimpíadas - foi segundo nos 10 mil metros em Montreal 1976 -, falhara, por lesão, os Jogos de Moscovo 1980, mas a preparação e todos os sacrifícios que teve de fazer tiveram o prémio desejado.
O crosse, o meio-fundo e o fundo, onde também teve excelentes resultados, deram lugar a uma clara aposta na maratona e não foi preciso esperar muito para perceber que Lopes era um predestinado. Na primeira vez que completou a distância, bateu o recorde europeu (em 1983) e nem um grande azar o impediu de concretizar o sonho. A menos de duas semanas da maratona olímpica, enquanto treinava em Lisboa, Carlos Lopes foi atropelado, curiosamente por um então candidato à presidência do Sporting, mas só sofreu algumas escoriações e o caso não teve outras consequências que não tornar-se num "fait-diver" digno de um campeão.
O tempo que Carlos Lopes gastou para cumprir a maratona em Los Angeles manteve-se como recorde olímpico durante 24 anos, até que, em Pequim 2008, Samuel Wanjiru o conseguiu bater. A tranquilidade com que encarava as provas era uma das principais armas de Carlos Lopes, como mostra bem a história já contada pelo seu treinador, Moniz Pereira. A menos de 40 minutos do início da maratona de Los Angeles, o professor tirou a pulsação ao atleta e abriu a boca de espanto: com 46 pulsações por minuto, Lopes deixava o nervosismo para os que acompanharam a prova. E foi pela televisão que os portugueses sentiram a emoção de ouvir, pela primeira vez, o hino nacional numas Olimpíadas, um momento que só se repetiria por mais três vezes. Rosa Mota venceu a maratona em Seul 1988, Fernanda Ribeiro arrasou na última volta dos 10 mil metros de Atlanta 1996 e Nélson Évora saltou para a glória no triplo salto em Pequim. Quem será o próximo?