Gozado e destratado durante a maior parte da carreira, Fernando Diniz resistiu, virou moda e agora dirige a seleção.
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Porque nunca ganhou nada de relevante, Fernando Diniz tem que ter algo que o diferencia ao ponto de hoje ser o selecionador de uma das melhores e maiores seleções do Mundo, depois de ter passado por quase todos os escalões do futebol brasileiro. A carreira de jogador suportou-a até aos 33 anos e passou-a quase toda em angústia, infeliz perante uma espécie de desumanização e mecanização em relação ao futebolista, que ainda hoje se mantém como uma das batalhas pessoais. Foi por isso, ou para lutar contra isso, que decidiu tornar-se treinador, não muito inovador do ponto de vista tático e estratégico, como o próprio concede de bom grado, para “melhorar a vida das pessoas”, a do jogador e a do adepto, acima de tudo. A partir de agora, tem parte da vida de 215 milhões de almas nas mãos.
Para chegar ao topo do futebol brasileiro, Fernando Diniz passou por 13 clubes, levou quase sempre com o “joga bem, só que não ganha nada”, meteram-no na prateleira dos românticos e dos filósofos, como se isso fosse uma coisa má, ridicularizaram as suas visões, os seus métodos e as suas convicções aglomerados e resumidos pelo “Dinizismo”. Sofredor como jogador, sofredor como treinador, só recentemente começou a ser valorizado até se tornar no brasileiro da moda, principalmente graças à conquista do campeonato estadual do Rio de Janeiro deste ano, pelo Fluminense. Esse foi apenas o quarto título da carreira, o primeiro desde 2010 (a modesta Copa Paulista), mas pôs fim a anos de destrato público e de rótulos quase insultuosos.