Pela primeira vez na história, o rali Dakar foi bloqueado pela forte queda de neve na cordilheira dos Andes, um problema resolvido pela megaoperação 'Guillaumet', montada para assegurar a transferência da caravana até ao Chile.
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Com o Paso de San Francisco tapado pela neve, inviabilizando a ligação entre Fiambala, na Argentina, e Copiapó, no Chile, a organização teve não só de cancelar a etapa do dia, mas também colocar em marcha um gigantesco plano de emergência para deslocar a imensa 'máquina' que é o Dakar.
Foi Etienne Lavigne, o patrão da prova, que teve a ideia de baptizar a operação com o nome do pioneiro da aeronáutica, Henri Guillaumet que, em 1930, depois de o seu avião se despenhar na cordilheira dos Andes, caminhou durante cinco dias e quatro noites até encontrar uma casa habitada e, assim, salvar a sua vida.
"Depois de na Argentina o termómetro ter ficado 'bloqueado' durante cinco dias nos 42°C, não esperávamos que os Andes recusassem a nossa passagem", confessou o director do Dakar.
David Castera assumiu que tinha apenas duas opções: "Manter a etapa e tentar passar por um desvio no Paso de San Francisco, correndo o risco de patinar no piso escorregadio, de os problemas mecânicos atolarem as estradas de competidores ou mesmo de os pilotos ficarem imobilizados pela alta altitude, ou anular a etapa".
A opção pela segurança prevaleceu e a célula de crise do Dakar foi posta em prática, depois de um novo e pormenorizado 'road-book' de ligação ter sido traçado.
"Primeiro pusemos a caminho um camião da organização acompanhado de médicos com oxigénio", contou à AFP David Castera. Batedor à frente, seguiram-se as motas, os carros e os camiões e só depois os camiões das marcas, a assistência e a logística, num total de 750 veículos a transpor a fronteira entre a Argentina e o Chile, com dois aviões em permanência a sobrevoar a cordilheira para assegurar as comunicações de rádio.