Remate sensacional de Pedro Gonçalves, que ajudou o Sporting a eliminar o Arsenal na Liga Europa, foi feito a 48 metros da baliza, com precisão matemática. UEFA considerou-o o melhor da semana
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Como não podia deixar de ser, o golo de Pedro Gonçalves em Londres foi eleito o melhor da semana da Liga Europa. "Só podia haver um vencedor", escreveu a UEFA, na conta oficial da competição no Twitter. O remate quase do meio-campo, que restabeleceu o empate no "Emirates Stadium" e lançou o Sporting para uma vitória nos penáltis sobre o Arsenal, levou o internacional português aos píncaros e a imprensa internacional foi unânime nos elogios.
"Pedro Gonçalves é médio, avançado e líder", escreveu a "Gazzetta dello Sport". Em Inglaterra, o "The Sun" pediu que o golo fosse de imediato considerado o vencedor do Prémio Puskás e, olhando bem para a jogada, essa exigência pode não ser descabida.
"A margem de erro para introduzir a bola na baliza era muito pequena. Todos os fatores se conjugaram. O remate foi intencional e teve o ângulo e a trajetória certos", afirma, ao JN, Miguel Moreira, professor na Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa, que analisou o lance: "Foi uma questão de precisão. A bola foi rematada a 48,3 metros da baliza e atingiu os 57,6 quilómetros por hora, ou seja, não foi com muita velocidade. Atingiu uma altura de 6,2 metros e entrou na baliza com uma trajetória descendente, que impossibilitou a defesa do guarda-redes".
Talento precoce
O momento foi de inspiração para o médio, mas traduz a qualidade técnica e de remate reveladas por Pedro Gonçalves desde que começou a jogar futebol, na escola e nas ruas de Vidago. Na infância em Trás-os-Montes, a fisionomia arredondada conduziu à alcunha de "Potinho" (a origem da atual, "Pote", vem daí) e sempre foi acompanhada de um jeito natural para marcar golos, que foi evoluindo na formação, primeiro no Chaves e depois no Braga.
O início no futebol profissional não foi auspicioso, com passagens discretas por Valência e Wolverhampton, mas a chegada ao Famalicão, em 2019, mudou-lhe a carreira e abriu-lhe as portas de Alvalade, onde chegou em 2020 para se sagrar campeão nacional logo na primeira temporada, com números individuais de sonho (23 golos em 37 jogos).
A época passada foi menos brilhante e na atual voltou a não começar bem, a ponto de ter ficado de fora da convocatória da seleção portuguesa para o Mundial do Catar. O golo ao Arsenal, o 17.º em 2022/23, tem ares de ser o ponto de viragem para um final de época capaz de atrair a atenção dos tubarões europeus. Com 24 anos e uma cláusula de rescisão de 80 milhões de euros, este "Pote" pode mesmo ser de ouro para o Sporting.