Equipa das quinas não perde com seleções africanas em mundiais desde 1986. Desde aí, somou três vitórias e um empate. José Peseiro, selecionador da Nigéria, explica ao JN que o adversário de Portugal vai apostar tudo na defesa.
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Portugal não perde em mundiais frente a seleções africanas desde 1986, quando uma derrota frente a Marrocos (3-1) afastou a equipa das quinas da competição. De lá para cá, somou três vitórias (Angola, Gana e Marrocos) e um empate (Costa do Marfim), um saldo positivo e que abre boas perspetivas para o jogo de quinta-feira (16 horas), diante do Gana, no Estádio 974, no Catar.
Mas para levar a melhor sobre o primeiro obstáculo, a seleção portuguesa terá de ultrapassar um adversário defensivo e que vai procurar explorar as transições rápidas para causar mossa. Em declarações ao JN, o treinador José Peseiro, atual selecionador da Nigéria e que na semana passada defrontou a equipa das quinas, referiu que o Gana vai preocupar-se "em defender bem" para surpreender. "O país já teve seleções melhores e com mais condições. Esta equipa gosta de controlar o jogo no processo defensivo. É uma seleção que procura reduzir espaços, não joga olhos nos olhos. Ao contrário do que fez a Nigéria frente a Portugal", afirmou o treinador, conhecedor da realidade do futebol africano. O técnico recomendou "paciência e dinâmica" à equipa das quinas. "O Gana vai estar mais atrás e a nossa seleção não pode desesperar para não correr o risco de se expor às transições, porque o adversário tem jogadores rápidos na frente. Há que ter cuidado nos corredores", alertou.
Na opinião de José Peseiro, Portugal é favorito. "Somos melhores, mas a confiança não pode ser exagerada. Temos de mostrar em campo que somos mesmo os melhores. Vamos enfrentar a pressão de ganhar, quanto mais depressa fizermos um golo melhor. O Gana vai apresentar-se em 4x5x1 ou 5x5. Terá uma postura reservada, a apelar à consistência defensiva. Colocará médios mais combativos, mas Portugal tem qualidade para alterar o seu jogo interno e externo", adiantou o selecionador da Nigéria.
No plano de Fernando Santos, Cristiano Ronaldo pode ter um papel crucial "no jogo aéreo ou para fixar a defesa". "Não vai ter muito espaço para receber a bola", anteviu. José Peseiro também sublinhou a importância de vencer no arranque do Mundial. "O primeiro jogo de uma competição é muito importante. Por exemplo, a Argentina esteve mal, mas o Gana tem mais qualidade do que a Arábia Saudita", destacou, explicando que neste Mundial as seleções do Golfo Pérsico podem ter vantagem por estarem melhor adaptadas à humidade, ao contrário das europeias. "A humidade cria problemas de adaptação e cria no subconsciente uma sensação de falta de atividade. Um jogador que não está habituado pode tornar-se mais lento e com menos reação".