Pinto da Costa: "Dá-me tanto gozo os títulos que ganhamos comigo como os outros"
Pinto da Costa, presidente do F. C. Porto, recordou em entrevista dada esta sexta-feira, ao Porto Canal, os 39 anos de presidência do clube, contando alguns dos pormenores mais pessoais.
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O dia 23 de abril de 1982 marca o início da presidência mais longa da história do futebol e com mais títulos arrecadados no futebol: 63, sete dos quais internacionais. Volvidos 39 anos, Pinto da Costa, de 83 anos, falou ao canal de televisão do clube e fez a revisão de alguns dos momentos mais marcantes, como o dia da tomada de posse, os troféus nacionais e internacionais conquistados, o campeonato nacional ou a superliga europeia.
"Desse dia recordo tudo. Foi um dia de grande emoção, em que estivemos a trabalhar para ver a situação do clube com o secretário-geral e depois tomámos posse no pavilhão, onde estiveram várias personalidades, como o presidente do Benfica, Fernando Martins, que viria a ser um grande amigo, esteve o Sporting, representado pelo doutor Sousa Marques e pelo doutor Agostinho Amado, e estiveram os clubes na grande maioria, esteve o major Valentim Loureiro. Eram outros tempos e foi uma posse muito concorrida e emocionante. O doutor Américo de Sá, que era o presidente que estava de saída fez-me uma saudação muito honrosa. e depois fomos para um beberete com cerca de 100 pessoas e estivemos a confraternizar até às 4 da manhã", relembrou Pinto da Costa. "Recordo que no dia que tomei posse constatei que tínhamos graves problemas de liquidez e as contas a zero".
Pinto da Costa falou de como foi tentando dar resposta à crise. "Era um amadorismo total, foi necessário muita imaginação e disponibilidade da direção para encontrar soluções", assumiu.
A quantidade de títulos conquistados também foi abordada. "Sinceramente não me diz nada. É bom que o F. C. porto tenha ganho esses títulos todos. Dá-me tanto gozo os títulos que ganhámos na minha presidência como os que ganhámos noutras presidências", salientou.
Já o aumento do número de sócios dá-lhe mais satisfação. "Isso gosto, sobretudo a participação e a maneira como os sócios e adeptos vivem o F. C. Porto. Não tive maior alegria nas vitórias do campeonato do que tive no campeonato de 56, que ganhámos com o Yustrich. Senti-me tão feliz quando ganhámos esse campeonato como adepto, como senti em todos os outros comigo a presidente. Para mim os títulos são do F. C. Porto. Partilho com os sócios, os jogadores e os treinadores", realçou.
O presidente do F. C. Porto enalteceu a dedicação dos adeptos. "Há gentes com vidas muito difíceis e que vivem com grandes dificuldades, que fazem grandes esforços para criar os filhos, para manter uma dignidade. E essas pessoas, às vezes, a única felicidade que têm são as vitórias do seu clube. E quando o F. C. Porto ganha um campeonato, muitas das pessoas que enchem a Avenida dos Aliados não têm nenhum motivo para rir ou para festejar a não ser aquele dia em que o F. C. Porto ganhou. Muitas vezes chamo a atenção de todos os que estão imbuídos nesta causa, que lutam pelo mesmo projeto, há que pensar também nestas pessoas que podemos fazer felizes, que se não for isso, não têm nenhuma razão para sorrir", frisou.