Presidente do F. C. Porto falou, na primeira parte de uma entrevista ao Porto Canal, sobre as escolhas e do convívio com alguns dos técnicos que marcaram a história do clube durante a sua direção, recordando episódios com José Maria Pedroto, Artur Jorge, Tomislav Ivic, Bobby Robson, Carlos Alberto Silva ou António Oliveira.
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Numa viagem no tempo, desde que assumiu as funções de diretor de futebol até aos mandatos como presidente do F. C. Porto, Pinto da Costa falou, em entrevista ao Porto Canal, dos treinadores que escolheu para trilhar o sucesso no clube a nível nacional e internacional nas últimas décadas. O dirigente confidenciou detalhes das contratações e do convívio com vários técnicos, lembrando, com saudade, as conversas noturnas com o "amigo" José Maria Pedroto, a difícil contratação de Bobby Robson e a construção do penta com António Oliveira.
"Adorava ouvir o Pedroto falar de futebol. Os conceitos que ele tinha já estavam 50 anos adiantados no tempo", disse o líder dos dragões, lembrando "as conversas no carro em frente a casa" do técnico. "Nunca fui homem de me deitar cedo e ele também não. Ficávamos horas a falar sobre futebol e das nossas convicções do país e da cidade", lembrou.
Foi também a confiar na experiência e conhecimento de Pedroto que Pinto da Costa avançou para a contratação de Artur Jorge, treinador que conduziu os azuis a brancos à conquista da Taça dos Campeonatos Europeus. "Ele tinha sido adjunto do Pedroto no Vitória de Guimarães e, mesmo doente, quando lhe disse que estava a pensar contratar o Artur Jorge, achou que era uma boa escolha", recordou o líder portista. "Falei com o Artur num restaurante chinês em Lisboa e ficou admirado quando disse que o queria contratar, porque nesse ano tinha descido o Portimonense. Perguntou-me se eu tinha coragem para apostar nele, e eu perguntei-lhe se tinha a coragem de vir para o F. C. Porto. Foi um sucesso, tornou-se o primeiro treinador português a ser campeão europeu", considerou Pinto da Costa.
Depois do ciclo de Artur Jorge, o presidente do F. C. Porto queria "algo diferente" e foi até à Suíça falar com o croata Tomislav Ivic. "Era preciso mudar o esquema, para evitar comparações negativas, porque fazer melhor que o Pedroto e o Artur Jorge era impossível. Fiquei encantado com as ideias e o entusiasmo do Ivic, Não tinha medo. Era diferente, mas eficaz. Já depois de sair do F. C Porto encontrei-o em Paris e ainda tinha um emblema do clube na lapela do casaco", recordou.
O dirigente lembrou, ainda, a curta passagem de Quinito pelo emblema azul e branco. Falando do técnico português como um "ser humano excecional", considerou que o treinador "não aguentou a pressão de orientar o F. C. Porto".
Em sentido completamente oposto, chegou, depois, Carlos Alberto Silva, aquele que ainda hoje é o único treinador brasileiro contratado por Pinto da Costa. "Recolhi ótimas informações sobre o seu trabalho. Um treinador muito sui generis que gostava de agitar as águas. Criava um ambiente hostil e aproveitava-o para motivar a equipa. Uma excelente pessoa", vincou.
O dirigente recordou, ainda, a atribulada contratação de Bobby Robson, após o técnico britânico ter sido despedido do Sporting. "Fui a Lisboa para o convencer a vir para Porto, mas ele já estava a pôr tudo nas malas para voltar a Inglaterra. Dizia que em Portugal era tudo maluco [risos]", recuperou Pinto da Costa, apontando que precisou de "mais de 3 horas para explicar que no F. C Porto seria diferente"."Apesar da resistência da mulher consegui nesse mesmo dia regressar com ele para o Porto e no dia seguinte assinar". Pinto da Costa lembrou que mesmo quando Robson ficou doente o ia visitar "todos os meses a Londres", partilhando que "sempre falou em português" com o técnico "Era um conhecedor de futebol, tinha treinos fantásticos. Foi uma pena ter partido tão depressa, com uma doença terrível", recordou com saudade.
O presidente dos dragões lembrou ainda a aposta em António Oliveira, com a responsabilidade do técnico conseguir o inédito tricampeonato para o F. C. Porto. "Era um homem da casa e tinha sido um jogador fantástico. Foi treinador pelo Pedroto que me disse que o Oliveira iria no futuro ser técnico. Mesmo não sendo, nos treinos, um dos melhores, como Pedroto, Robson, ou o Sérgio Conceição, tinha uma fantástica perceção tática e visão de jogo. Deu-nos o tri que tanto desejávamos e abriu as portas do penta", recordou.