Jorge Silvério, mestre em Psicologia do Desporto, alerta para os perigos da indefinição.
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A incerteza à volta da prática desportiva nos escalões de formação inquieta clubes, pais e atletas e pode vir a ter repercussões no futuro. Jorge Silvério, psicólogo especialista na área desportiva, salienta que há uma fatura a pagar: "Vai demorar alguns anos até percebermos o custo desta incerteza. Tudo o que não esteja bem clarificado causa ansiedade. A saúde mental dos jovens está em risco, porque houve uma longa paragem e agora existe uma série de condicionantes neste regresso à atividade. É mais fácil desistir e é isso que todos temos de combater".
A pandemia atirou milhares de jovens atletas para casa e nem todos podem regressar. "Faz todo o sentido que os jovens voltem à prática desportiva, com todos os cuidados. Este período serviu, pelo menos, para que existisse um reconhecimento do contributo do desporto para a saúde mental. Agora, há esse risco, porque os jovens são dos grupos mais vulneráveis a depressões e ansiedade. Tenho lido alguma informação contraditória e era importante que houvesse uma clarificação", aponta Jorge Silvério.
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Confap preocupada
Jorge Ascenção, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), é outra voz que se interroga sobre as orientações da DGS: "É preciso explicar melhor porque é que umas modalidades são de alto risco e outras de médio. O pólo aquático é de alto risco? Se calhar é, eles é que são os especialistas, mas as pessoas não entendem".
Nos desportos coletivos, as dúvidas são maiores. "A mensagem que passa é que façam desporto, mas mantenham-se distantes. Nas escolas, terá de se apostar mais na higienização e etiqueta respiratória", conclui.
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"Sem pôr em risco as crianças, a DGS pode ir mais longe"
A Confederação de Treinadores de Portugal pretende que a DGS clarifique as orientações para a retoma da prática desportiva, no que toca aos escalões de formação. "Achamos que, sem pôr em risco os jovens e as crianças, a DGS pode ir mais longe. Os clubes temem pelas consequências destas regras. Vamos pedir uma clarificação", fez notar, à Lusa, Pedro Sequeira, presidente do organismo.