Queiroz questionado sobre os protestos no Irão: "Quanto me pagas para responder?"
O selecionador nacional do Irão foi, esta terça-feira, questionado sobre os protestos do regime contra o país, que já resultaram na morte de 344 pessoas e na prisão de mais de 15 mil.
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O Irão foi abalado por uma vaga de protestos após a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, em 16 de setembro, três dias depois de ser detida por ter infringido o estrito código sobre o uso de vestuário feminino previsto nas leis da República islâmica, em particular o uso do véu. A família diz que Mahsa foi espancada até à morte durante a detenção, embora a polícia garanta que a jovem tenha morrido de ataque cardíaco e negado ter exercido violência.
Desde o início dos protestos contra o regime repressivo face às mulheres, mais de 300 pessoas perderam a vida e mais de 15 mil foram presas e, no que ao desporto diz respeito, já vários jogadores fizeram questão de mostrar solidariedade com os protestantes. O jogador do F. C. Porto Mehdi Taremi, por exemplo, deixou várias palavras de apoio e, nos jogos particulares de setembro em que o Irão protestou, os jogadores esconderam o símbolo da Federação no momento do hino e o selecionador. Questionado por um jornalista inglês sobre os protestos, o português Carlos Queiroz, selecionador do Irão, disse que a equipa é livre de se manifestar, desde que cumpra as regras da FIFA, e comparou o Irão com a Inglaterra, considerando que os países são "iguais" no que às reivindicações diz respeito.
"O Irão é exatamente como o seu país. Segue o espírito do jogo e as leis da FIFA. É assim que você se expressa no futebol, de acordo com esses princípios e valores. Todos têm o direito de se expressar. Vocês dobram os joelhos nos jogos. Algumas pessoas concordam e outras não concordam com isso, no Irão é exatamente o mesmo. Está fora de questão pensar que a seleção está a sofrer algum problema quanto a isso. Os jogadores só têm uma coisa em mente que é lutar pelo sonho de estar na segunda fase. Se levarmos alegria e prazer às pessoas, teremos feito o nosso trabalho como jogadores de futebol e essa é a questão mais importante para mim como técnico da seleção", afirmou Queiroz.
De seguida, o selecionador foi questionado por uma jornalista da Sky Sports sobre como se sentia por representar um país que reprimia as mulheres, questão que não caiu bem ao treinador: "Quanto me pagas para responder a essa pergunta? Quanto me pagas? Fala com o teu chefe e dá-me uma resposta. Não coloques na minha boca palavras que eu não digo. Pensa no que aconteceu no teu país com a imigração", vincou.
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