Tímido, que gosta de dormir e passar tempo em casa. Fora do campo é assim que Rafael Leão se define, mas dentro das quatro linhas faz jus ao nome. Passo a passo foi crescendo como jogador e hoje é uma das grandes figuras da Liga italiana, tendo-se sagrado campeão nacional pelo AC Milan e eleito o melhor futebolista da Serie A. Do Bairro da Jamaica à música e ao estrelato no futebol, o percurso do português é de rápida ascensão.
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Nem tudo foi fácil no início da vida de Rafael Leão. Nasceu em Almada e cresceu no Bairro da Jamaica, no Seixal. A infância teve a bola de futebol como presença assídua e rapidamente se destacou dos outros colegas. Deu os primeiros toques no Amora FC e aos 9 anos ingressou nas camadas jovens do Sporting, onde limou o seu talento. Confessou ser uma criança tímida, que "não falava muito e ficava no seu canto". Mas foi aí, em tenra idade, que se apercebeu que queria ser profissional e fazer do futebol a sua vida. Contou que tem uma ligação muito forte com a família, que sempre lhe disse para se focar na escola. Apesar de tentar, chegou a uma altura em que não conseguia conciliar os estudos com o desporto e optou pelo segundo.
Amante de máquinas de videojogos antigas e de boxe, foi crescendo nos escalões inferiores dos leões e ganhou mais protagonismo quando, em 2016/17, marcou 10 golos nos juniores do Sporting. A temporada seguinte foi um grande misto de emoções para o jovem avançado. Era visto como uma promessa de Alvalade que podia, em breve, dar o salto para a equipa principal. Competiu na equipa B e a 12 de outubro de 2017 estreou-se no Sporting, sob o comando de Jorge Jesus, frente ao Oleiros, na Taça de Portugal. O jogo teve o pai como espectador especial, que pôde assistir ao primeiro golo do filho como sénior.
"Faço o festejo do telefone [quando marca golos] porque, quando era mais novo, havia jogos em que ele não conseguia estar presente, então era um simbolismo de lhe estar a ligar a contar que marquei um golo", revelou aos meios do AC Milan. A época continuou a correr de feição a Rafael Leão, que ia mostrando estar a evoluir como futebolista, até que o pior aconteceu. A academia de Alcochete foi invadida e o avançado foi um dos vários jogadores a rescindir unilateralmente o contrato com o Sporting.
Seguiu-se então uma aventura no Lille onde passou apenas uma época, tendo apontado oito golos. O perfil de avançado móvel, habilidoso e ágil captaram a atenção do AC Milan, que viu no português uma pérola para o futuro. Aos poucos foi sendo aposta cada vez mais regular, com o veterano Ibrahimovic a ser "irmão mais velho", como descreve, e foi ganhando protagonismo na formação de San Siro. "Às vezes estou em casa e penso que é um sonho, nunca pensei chegar ao Milan tão cedo", confessou.
Pelo meio, outra paixão invadiu o mundo de Rafael Leão. O gosto e talento fizeram-no ingressar na música, particularmente no estilo "rap", onde já lançou várias faixas sob o nome de Way 45.
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No final de 2020 marcou o golo mais rápido da história da Liga italiana, aos 6,2 segundos da partida frente ao Sassuolo, batendo o recorde de Paolo Poggi, com 8,1 segundos. Esta época tornou-se uma peça chave da equipa de Stefano Pioli e ajudou o AC Milan a conquistar o campeonato italiano. As boas exibições valeram-lhe o prémio de melhor jogador da competição e uma associação aos maiores clubes do Mundo, como o Real Madrid, com a imprensa internacional a avançar com valores de 100 milhões de euros. Rapidamente conquistou o carinho dos adeptos, que já criaram um cântico para o português. "Os adeptos motivam-me, o que é melhor do que teres os adeptos a apoiar-te?", disse aos meios do clube.
"Vim dar o meu melhor e tenho de provar isso dentro de campo", revelou, quando se juntou aos "rossoneri". Volvidos três anos é hoje uma das maiores figuras do AC Milan, com prémios e títulos conquistados, e um dos nomes mais entusiasmantes para o futuro do futebol português. O limite é o céu para Rafael Leão, sempre de telefone junto do ouvido.