Recorde a carta que Pinto da Costa escreveu ao JN depois de ter sido operado ao coração
Quatro páginas foram publicadas no dia do aniversário do F. C. Porto, em 2012.
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No dia 28 de setembro de 2012, semanas depois de ter sido operado ao coração, Pinto da Costa publicou uma carta de quatro páginas no JN com o objetivo de agradecer os cuidados médicos recebidos no Hospital de São João, no Porto, sem esquecer o apoio da equipa de futebol, do corpo técnico liderado por Vítor Pereira, da administração da SAD e da família, num dos momentos mais delicados da sua vida.
Antes da intervenção cirúrgica, que serviu para corrigir a dilatação da artéria aorta, o antigo presidente do F. C. Porto escreveu duas cartas, uma delas com instruções precisas para o presidente da Mesa da Assembleia-Geral do clube, Sardoeira Pinto, sobre o novo rumo que o clube devia tomar em termos de liderança. A outra missiva estava endereçada aos filhos, Alexandre e Joana, com uma mensagem de caráter mais intimista. Depois viria a confessar, anos mais tarde, que destruiu as duas cartas por não fazerem qualquer sentido mediante as circunstâncias que afastaram o pior dos cenários.
Pinto da Costa sempre gostou de escrever pelo próprio punho, dispensando o computador ou outro qualquer instrumento tecnológico, e foi com esse espírito que enviou uma carta ao JN, uma extensa mensagem em que faz uma especial referência aos médicos Filipe Macedo e Paulo Pinho e também ao Serviço Nacional de Saúde. “Saí do Hospital de São João com um sentido de enorme gratidão e admiração por todos. E porque verifiquei que para todo e qualquer doente os cuidados eram semelhantes, serei sempre mais um defensor do Serviço Nacional de Saúde”, pode ler-se.
Transcrição
"Por simpático convite da direção do Jornal de Notícias, tenho a oportunidade de através deste símbolo do Porto me dirigir, neste dia do 119.º aniversário do F. C. Porto aos meus associados e simpatizantes. [...]. Obrigado a todos que nestes 25 dias mais difíceis da minha vida me transmitiram o seu apoio, o seu carinho e a sua amizade.
Desde a minha mulher, presente em cada momento de todo esse tempo, aos meus filhos e aos meus irmãos, devo a força que encontrei para lutar pela vida, ao sentir que tenho uma família unida em meu redor.
[...] Seja-me ainda permitido, através do JN, referência do Porto, dirigir algumas breves mas sentidas palavras a outra grande instituição da cidade e do país - o Hospital de São João. Nunca, apesar dos meus 74 anos de idade, tinha entrado num hospital que não fosse para visitar um amigo. Estive agora internado dez dias e fiquei com uma profunda admiração por todos os que mais do que lá exercem a sua profissão e fazem da sua presença um verdadeiro sacerdócio.
Agradeço a Deus ter colocado na minha vida o professor Filipe Macedo e o dr. Paulo Pinho. A eles devo estar a escrever hoje estas despretensiosas linhas. Obrigado a ambos e a toda a sua equipa, desde médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar. Inexcedíveis!"