
Roberto Martínez, selecionador nacional
Foto: Will Oliver/EPA
Roberto Martínez, selecionador português, deu uma extensa entrevista ao jornal espanhol "Marca", na qual abordou a experiência no comando técnico das quinas, disse que "a melhor geração do futebol português é a de 66" e falou sobre as expectativas para a próxima competição. "Acho que só aqueles que já ganharam um Mundial podem ser favoritos", atirou.
Roberto Martínez fez um balanço da experiência ao comando da seleção portuguesa, disse que procurou aprender a "língua o mais rapidamente possível" por ser estrangeiro, que a formação em Portugal, num país de 11 milhões de habitantes, "constitui um exemplo para outros países", que olhou com bons olhos para o sorteio no Mundial e que acredita num eventual inédito triunfo na competição.
"É aqui que se vê a diferença entre ser favorito e candidato. Acho que só aqueles que já ganharam um Mundial podem ser favoritos. A nível psicológico, saber que uma geração anterior ganhou esse torneio dá uma força especial, mas, mesmo assim, tenho uma confiança incrível neste grupo de jogadores pela forma como vivem a seleção. A referência de Eusébio, que terminou em terceiro lugar no Mundial de 1966, é a coisa mais bonita que eles podem ter. É um estímulo e o grupo está preparado para um desafio como esse, embora saibamos da dificuldade que isso implica", referiu em entrevista ao jornal espanhol "Marca", adiantando quem considera estar bem posicionado para conquistar o título.
"Aqueles que já sabem o que é ganhar um Mundial e chegam num bom momento. Agora, posso dizer que vejo seleções que chegam muito bem, como a Espanha. A Alemanha também chega preparada pelo que aconteceu em casa na Liga das Nações... Além disso, é a única seleção europeia que ganhou um Mundial na América (Brasil 2014). A França, na minha opinião, é feita para grandes torneios e também, por proximidade, o Brasil e a Argentina", atirou.
Quando desafiado, o técnico natural de Balaguer analisou ainda uma possível reedição da Liga das Nações entre Portugal e Espanha.
"Jogar oito partidas seria um sucesso. Todas as seleções europeias têm uma desvantagem maior e não se fala muito sobre isso: três países, adaptar-nos à logística, à altitude, ao clima... Viemos de um Mundial (Catar'2022) que foi o oposto: mesmo local de concentração, jogado no meio da temporada... Adoraria jogar uma final. Emocionalmente, temos de respeitar muito as nossas origens, mas, a nível profissional, o trabalho está sempre centrado no que podemos alcançar. Se pudermos disputar outra final, como fizemos nas Nações, seria fantástico. Sabemos que a Espanha vai chegar longe e jogar uma final seria uma prova de um trabalho muito bem feito".
Roberto Martínez considerou ainda o principal ponto forte das Quinas. "A flexibilidade tática. Tentar diferentes aspetos táticos é fácil, mas executá-los bem é muito difícil. Isso tem a ver com a educação do futebolista português: eles são competitivos e adoram informação tática. Essa mistura permite usar diferentes formas de jogar, dependendo do que é necessário", afirmou, antes de tocar no ponto sobre "a geração de ouro".
"A melhor geração do futebol português é a de 66. Quando falamos em premiar uma geração, deve ser um grupo que conquiste um título, um aspeto que o diferencie. Temos jogadores excecionais com uma competitividade tremenda. O desafio é esse. Este balneário merece ser a melhor geração de sempre, mas isso não se dá. Isso tem de ser conquistado em campo", atirou.

