Conselho de Arbitragem da FPF divulgou este domingo a conversa entre Miguel Nogueira e Rui Oliveira no jogo em que o primeiro reverteu um penálti a favor dos dragões, por telefone, por impossibilidade de ver as imagens do VAR.
Corpo do artigo
No programa "Juízo Final", da SportTV, o Conselho de Arbitragem revelou as comunicações entre árbitro e VAR do polémico jogo entre o F. C. Porto e o Arouca, relativo à quarta jornada da Liga portuguesa. Recorde-se que, nessa partida, o videoárbitro (Rui Oliveira) não conseguiu, devido a uma falha de energia, disponibilizar imagens de um penálti assinalado aos 89 minutos pelo árbitro Miguel Nogueira a favor dos dragões, após uma queda de Taremi na área arouquense, que seria depois revertido na sequência de uma chamada telefónica entre o árbitro e o VAR.
Eis a conversa entre Miguel Nogueira e Rui Oliveira:
VAR: Digam ao Miguel para vir à zona de revisão porque eu acho uma carga completamente normal, tá bem?
Árbitro: Não há imagem, Rui.
VAR: Não há imagem.
Árbitro: Tens de descrever.
VAR: O que se passa no lance é que há um cruzamento de um jogador do Porto e o Taremi, antes da bola lá chegar, já está a encenar a queda. De facto, há um contacto com o ombro, mas é perfeitamente normal. Nada que justifique a queda, ok?.
Árbitro: Ok.
VAR: Depois, o corte do jogador do Arouca é com a cabeça.
Árbitro: Mas vamos ficar sem imagem?
VAR: Miguel, não vamos ter imagem [...]. Não vamos ter mais imagens até ao final e vais ter de decidir com a descrição. Mas vai por mim. Tens de recomeçar com bola ao solo, ok?
João Ferreira, vice-presidente do Conselho de Arbitragem, comentou o caso, que posteriormente motivou um protesto do F. C. Porto, com o objetivo de repetir o jogo.
"As leis são muito claras. Não é por um mau funcionamento do videoárbitro que um jogo requer repetição. Isto está plasmado nas Leis do Jogo e não há volta a dar. Se o sistema não funcionar, se funcionar mal, se houver um erro de VAR não há apelo a um protesto de repetição do jogo", afirmou.
"Já não é a primeira vez que temos falhas de comunicação ou que temos de usar o sistema de 'back up', mas a nível de falha de comunicação e de imagem este foi o primeiro exemplo em Portugal. Não é caso único no Mundo, no fim de semana passada um dos grandes países da Europa teve um caso exatamente igual ao nosso e foi resolvido da mesma maneira, através de um telemóvel. São telemóveis que estão ligados ao sistema. Cada zona de revisão tem um telemóvel adstrito ao sistema VAR e a Cidade do Futebol tem três equipamentos adstritos ao sistema VAR. Não são telemóveis pessoais, dos árbitros ou dos familiares dos árbitros. São telemóveis alocados ao sistema, perfeitamente identificados", referiu.
"O protocolo é claro. O árbitro pode sempre mudar a decisão, baseado na opinião do VAR. Como faz quando recebe uma indicação de um assistente. É exatamente igual. O VAR sugere e o árbitro tem a prerrogativa de mudar a decisão. Foi o que felizmente fez neste caso porque não há nada que suporte manter um penálti quando não há nenhuma infração. Não se consegue ouvir a totalidade da comunicação porque estamos a usar um telemóvel. As imagens provam que não há penálti nenhum e o que o VAR fez foi sugerir que mudasse a decisão. Foi convicto na forma como explicou o lance e o árbitro decidiu mudar a decisão, que foi corrigida para bem, trazendo justiça àquilo que foi um erro do árbitro em campo", acrescentou.