Portugal só se apurou para dois dos últimos três Mundiais no "mata-mata". Para chegar ao Catar, está obrigado a fazer o mesmo. Depois da Bósnia-Herzegovina e da Suécia, segue-se a Macedónia do Norte.
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A derrota com a Sérvia, em casa, pareceu o fim do Mundo. Portugal, que até podia empatar, falhava, surpreendentemente, o apuramento direto para o Catar e ficava obrigado a salvar a pele num play-off remodelado para anular a margem de erro. Uma derrota e adeus Mundial2022. Veio o sorteio e mais fatalismo. Era preciso ganhar à Turquia e depois, pensava-se, à Itália, a atual campeã da Europa. Que tudo se decida em casa, no Estádio do Dragão, trouxe algum entusiasmo; mais tarde, ficou a saber-se que, afinal, o adversário seria a Macedónia do Norte e isso alimentou ainda mais a esperança. Chegados à hora de todas as decisões, tudo parece encaminhado para a seleção portuguesa repetir o que é a regra desde 2000: não falhar a fase final de uma grande competição.
Bem vistas as coisas, mais a frio, que tudo acabe resolvido num play-off não era motivo para tanto alarido. Afinal, esta é a quarta vez que Portugal decide o futuro mais imediato neste formato e nas anteriores foi sempre bem-sucedido. Uma aconteceu na qualificação para o Euro2012 e duas delas, curiosamente, determinaram a presença portuguesa nos Campeonatos do Mundo de 2010 e 2014. Em novembro de 2009, foi preciso afastar a Bósnia-Herzegovina e quatro anos depois foi a Suécia a não conseguir contrariar esta sina lusitana. Quatro jogos, quatro vitórias. Ou seja, na corrida para os últimos quatro Mundiais, só para o de 2018 é que a equipa das quinas garantiu a qualificação sem o sofrimento dos "mata-mata".
Desta vez, ao contrário do que consta dos play-off de 2009 e 2013, decididos em Zenica e Solna, respetivamente, Portugal tem o fator casa a favor no jogo do tudo ou nada. O Estádio do Dragão, que recebe um jogo desta dimensão pela primeira vez, vai ter lotação esgotada e promete ser mais um fator de desequilíbrio no duelo com a Macedónia do Norte, a seleção que já espantou a Alemanha e a Itália (ponto importante: sempre como visitante) e que sonha com a primeira presença na fase final de um Campeonato do Mundo.
Para além do peso do Dragão, Fernando Santos, que, no pior cenário, fará o último jogo como selecionador de Portugal, contará com os "reforços" Pepe, recuperado da covid-19, e João Cancelo, que cumpriu castigo frente à Turquia. Na máxima força dentro e fora do campo, tudo parece estar feito à medida para um grande suspiro de alívio.