Terceiro campeonato nacional ganho em cinco anos pelo técnico portista, numa época de muitos recordes.
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Sérgio Conceição entrou em 2021/22 a fazer história, pois nenhum treinador tinha iniciado cinco épocas seguidas ao leme do F. C. Porto, pôs o nome no livro dos recordes, ao bater o máximo nacional de jogos consecutivos sem perder na prova, e acaba a temporada de novo em grande, igualando Artur Jorge e Jesualdo Ferreira no lote de técnicos com três campeonatos conquistados ao serviço dos dragões.
Ganhar três em cinco possíveis, num contexto de dificuldades económicas para o clube, num período em que Benfica e Sporting venceram apenas uma vez, será sempre um feito notável para um treinador que encarna como ninguém o espírito portista e que, na época em curso, conquistou o coração dos (poucos) adeptos que ainda lhe torciam o nariz, por ter colocado a equipa a jogar um futebol atrativo, com o bónus de ter apostado de forma mais declarada numa série de jogadores da formação, como Diogo Costa, João Mário, Vitinha ou Fábio Vieira.
Sérgio diz várias vezes que não gosta de puxar dos galões, mas a verdade é que, se o F. C. Porto está hoje fora da alçada do programa de fair-play financeiro da UEFA, a ele o deve. Em cinco anos, já a contar com a presença na Champions da próxima época, o técnico conseguiu 280 milhões de euros em receitas das provas europeias para os cofres do Dragão. Além disso, em vendas de jogadores potenciados pelas boas épocas realizadas, a SAD portista fez quase mais 290 milhões, em valores absolutos, no mercado de transferências. Contas feitas, são 570 milhões de euros com o selo de Conceição, fundamentais para o F. C. Porto em tempos de vacas magras.
Uma dessas transferências marcou esta temporada, quando Luis Díaz rumou a Liverpool em janeiro, numa altura em que era, de longe, o melhor jogador dos dragões e do campeonato. Ganhar, mesmo assim, o título, reinventando a equipa, sem tremer o que quer que fosse, numa segunda volta em que o Sporting também perdeu poucos pontos, é o maior atestado de competência para um treinador que já deu todas as provas de saber o que faz.
A nível técnico, tático, motivacional, na preparação dos jogos e no conhecimento dos adversários, Conceição fez mais um campeonato exemplar, com aquela aversão à derrota que lhe é característica e sem medo das inevitáveis polémicas. Também aí, ganhou em toda a linha.
Outros tricampeões
Artur Jorge: duas passagens vitoriosas
Escolhido por Pinto da Costa após a morte de Pedroto, Artur Jorge chegou ao F. C. Porto em 1984 e ganhou dois campeonatos seguidos, nas épocas de 1984/85 e 1985/86, antes de entrar para a galeria dos imortais quando conduziu os dragões à conquista da Taça dos Campeões Europeus, em 1986/87. Após uma passagem por França, no Matra Racing, o técnico voltou à Invicta para substituir Quinito, a meio da época de 1988/89, e voltou a ser campeão nacional na seguinte. Saiu em definitivo do F. C. Porto em 1991.
Jesualdo Ferreira: três títulos em quatro épocas
Contratado com a época de 2006/07 em andamento, após a turbulenta saída de Co Adriaanse, Jesualdo Ferreira tornou-se o primeiro treinador a fazer quatro épocas seguidas ao leme dos dragões. Nas três primeiras (2006/07, 2007/08 e 2008/09), festejou sempre o título, o que faz dele, ainda hoje, o único técnico português a ganhar três campeonatos nacionais consecutivos. Em 2009, fez a dobradinha, ao vencer também a Taça de Portugal, prova que voltaria a conquistar em 2010, antes de deixar o Dragão.