Sindicato dos Jogadores preocupado com fim da LigaPro, Feirense "não se revê"
O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) manifestou esta sexta-feira "desilusão e preocupação" pelo cancelamento da LigaPro, ao contrário do escalão principal, no âmbito do plano de desconfinamento da pandemia da Covid-19. O plantel do Feirense reagiu a pronto, motivado por "algo que foi esquecido no comunicado do SJPF".
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"Os jogadores da equipa principal do Clube Desportivo Feirense - Futebol, SAD vêm por este meio esclarecer que não se revêm no comunicado hoje publicado pelo SJPF. A questão salarial é importante e preocupa-nos a todos, mas, os nossos capitães, demonstraram ao presidente do SJPF a necessidade de tornar pública a nossa indignação face ao diferente tratamento que existiu entre a Liga NOS e a LigaPro, algo que foi esquecido no comunicado do SJPF", alegaram os jogadores da equipa terceira classificada do segundo escalão, numa nota à imprensa.
E prosseguiram: "Somos profissionais e queríamos ter as mesmas oportunidades de terminar o nosso campeonato como terão os nossos colegas da Liga NOS. A Liga preparou um plano de retoma para as duas divisões profissionais, todos os clubes contribuíram e concordaram com ele. Cabia à organização que rege o futebol no nosso país, em conjunto com a Direção Geral de Saúde, ajudar os clubes para que fossem cumpridas todas as condições para se concluir a Liga Pro. A decisão ontem tomada pelo Governo deixou os jogadores profissionais do CD Feirense indignados e com um sentimento de discriminação".
Quanto ao comunicado publicado na página oficial do SJPF, esse referia: "O Sindicato acredita na boa-fé de todos os intervenientes na defesa do futebol e que, subjacente a esta decisão, não esteve qualquer discriminação entre profissionais da Liga e LigaPro, nem sequer razões relacionadas com a capacidade económica dos clubes para encontrar as soluções desejadas, mas a análise dos peritos médicos e da Direção-Geral da Saúde (DGS), no sentido de que não é possível implementar, com a segurança exigida para todos, um novo plano de funcionamento da competição para os dois escalões nesta época".
O Governo autorizou na quinta-feira a retoma à porta fechada da Liga a partir de 30 de maio, mais de dois meses após a suspensão decretada a 12 de março, numa prova que antecederá a realização da final da Taça de Portugal entre F. C. Porto e Benfica, enquanto a LigaPro ficou suspensa.
"O Sindicato acredita que Federação e Liga não tiveram alternativa, sabe bem do respeito que o presidente da Federação tem demonstrado em diferentes momentos pelos jogadores e o contributo para melhorar o estado da sua profissão, assim como sabe que o presidente da Liga, apesar de todas as divergências que marcam as lutas de classe, tem a seu cargo a tarefa de gerir um ambiente de permanente hostilidade, onde cada clube se preocupa mais com o interesse individual do que com a indústria no seu todo", notou.
O organismo presidido por Joaquim Evangelista partilha a "angústia e desânimo" com "muitos jogadores que tinham a expectativa de retomar a competição", mas reforça que "não aceitará a instrumentalização desta situação por aqueles que têm permanecido em silêncio e nada têm feito sobre os problemas estruturais do futebol português".
"Tal como acontece no plano internacional, os jogadores exigem das entidades desportivas o respeito que o momento exige. Muito além da proteção da sua saúde, querem soluções ao nível da proteção dos seus postos de trabalho, do pagamento dos salários, da proteção social e do desemprego. Este é momento de analisar friamente e chamar a assumir a responsabilidade as entidades que tutelam o futebol", frisou.
Comparando o fim da LigaPro ao cancelamento antecipado dos campeonatos não profissionais, que vai "certamente agravar os problemas já existentes em várias equipas", o SJPF exige que o Governo coopere com os organismos do futebol português na salvaguarda dos direitos dos jogadores e trabalhadores dos clubes profissionais.
"Apelamos à união de todos para encontrar soluções e pedimos a quem viu os interesses e objetivos individuais frustrados, o sentido de responsabilidade que o momento exige. Nada vai ser igual, nem para os jogadores, nem para os demais portugueses. Se não houver união, sentido de responsabilidade e trabalho sério de todos os intervenientes, não é esta época que fica afetada, são sobretudo os próximos anos", termina o comunicado.