Esta época, os leões já estrearam nove jovens, com Geovany Quenda em destaque. Guerreiros do Minho lançaram seis, mais um que o Benfica. Dragões só têm Mora
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O Sporting-Braga não foi só um duelo que relançou a disputa pelo título e que permitiu aos “guerreiros” isolarem-se no terceiro lugar. Em campo estiveram duas das maiores escolas de formação do futebol português e as duas equipas que até ao momento mais jovens estrearam na Liga 2024/25. Aliás, foi mesmo um produto da casa a fazer a diferença, Afonso Patrão, que estabeleceu o resultado (1-1) com um golo de cabeça nos últimos minutos. O Sporting segue destacado, com nove jogadores da “cantera” lançados, com destaque para Geovany Quenda. Com 47 jogos e três golos, o jovem de 17 anos é o mais recente caso de sucesso da formação leonina, pois já está transferido para o Chelsea por 50 milhões de euros. João Simões, Eduardo Felicíssimo e Alexandre Brito são as outras apostas principais. Com mais de 200 minutos de utilização, já mostraram argumentos para serem uma aposta futura muito consistente.
O Braga soma seis apostas em jogadores da formação e no final do jogo com o Sporting, ainda sob o efeito do golo do avançado Afonso Patrão, o treinador dos minhotos destacou a qualidade dos que têm subido à equipa principal. “Entendemos que as oportunidades devem ser dadas a quem as merece”, disse Carlos Carvalhal, acrescentando: “Damos sequência ao trabalho da nossa academia, que tem muito talento e temos de o aproveitar, porque não faz sentido irmos contratar fora, quando temos dentro de casa. Esse é o nosso espírito”. O técnico dos bracarenses lembrou ainda o retorno desta aposta. “O Braga faz um grande investimento na formação e faz todo o sentido que haja aposta nesses jogadores. Já têm saído vários, como Rodrigo Gomes, Vitinha, Álvaro Djaló, David Carmo e Moura, e vem aí uma nova fornada com muita competência”, vincou.
Entre os restantes clubes da Liga, o Benfica já estreou cinco jovens, a que Bruno Lage tem recorrido de forma intermitente. O mais utilizado é o lateral direito Leandro Santos, que soma 355 minutos, beneficiando das lesões de Bah e de Tiago Gouveia e da gestão física de Tomás Araújo. No caso das águias, o alto nível dos jogadores do plantel principal tem dificultado um maior recurso à formação. O F. C. Porto apenas lançou Rodrigo Mora. E o jovem de 17 anos não tem desperdiçado a oportunidade, mostrando qualidade que lhe tem aberto as portas da equipa titular. Mora é o segundo estreante mais utilizado esta época, só atrás do sportinguista Quenda. O médio ofensivo soma 26 jogos (1188 minutos) e regista cinco golos e três assistências.
Quanto aos outros clubes, e com a exceção do Boavista (ver caixa), a aposta tem sido pouco evidente, mas há alguns que têm feito investimentos importantes na formação, como o Famalicão, campeão nacional de sub-19 há dois anos, criando condições para projetar jovens talentosos a curto prazo.
“Cantera” salvou o Boavista quando não podia fazer inscrições
Esta época, o Boavista viu-se obrigado a recorrer a jogadores da formação para colmatar os problemas gerados pela proibição de inscrever atletas na janela de mercado e as lesões que afetaram a equipa. Pedro Gomes, Gonçalo Almeida, Marco Ribeiro, João Barros, Tomé Sousa, Tomás Silva e Alexandre Marques foram os jogadores a que a SAD axadrezada se viu obrigada a apostar poder cumprir calendário e evitar incumprimentos. Num contexto excecional houve que tomar medias condizentes, o que não quer dizer que estas tenham sido apostas para dar continuidade no futuro.
“Braga e Famalicão têm investido e isso vai fazer a diferençaa médio prazo”
Entrevista a Diogo Boa Alma, diretor desportivo
Que clubes se têm destacado ao nível da formação, nos últimos anos?
Para além dos três grandes, temos bons exemplos como o V. Guimarães, que desenvolveu bastantes jogadores nos últimos anos, que lhe permitiram fazer boas vendas, como a do Alberto. O Braga tem sido, se calhar, a equipa com mais crescimento. O Famalicão tem feito conseguido fazer uma aposta cada vez mais forte, foram campeões nacionais em sub-19 e isso mostra a qualidade do trabalho. Nos clubes mais pequenos, o Estoril tem sido um exemplo nas equipas sub-23.
Surpreende o facto de o F. C. Porto só ter lançado o Mora esta época?
O F. C. Porto tem feito milagres na formação, com as condições precárias que tem em termos de infraestruturas. Braga e Famalicão já têm melhores condições na formação, daí o presidente Villas-Boas querer desenvolver um novo centro de estágio. Agora, não é fácil formar jogadores todos os anos com a exigência de um F. C. Porto.
Além dos grandes, Braga e Famalicão são os que prometem tirar mais dividendos no futuro?
Braga e Famalicão têm investido muito na formação. São os que mais têm crescido e os que têm melhores infraestruturas. Isso vai fazer a diferença a médio prazo. O Braga já está a tirar dividendos e acredito que o Famalicão também virá a tirá-los, porque tem uma excelente formação.
A criação das equipas bês e sub-23 revelaram-se acertadas…
São extremamente úteis e é pena que alguns clubes como o Casa Pia, ou o Estrela da Amadora, não tenham as condições ideais de treino, ou nem joguem no seu estádio. As equipas bês têm permitido tirar vários jogadores da formação. Esta época, vemos o F. C. Porto com muitas dificuldades na Liga 2, porque não está a ter uma geração forte. O Sporting têm a dificuldade acrescida de ter a equipa B na Liga 3 e seria importante que subissem para jogar a um nível mais competitivo.