Tuck, treinador do Oriental, líder da 1.ª Divisão da A. F. Lisboa, e Bock, técnico do Marco 09, primeiro classificado da Série 2 da Divisão de Elite da A. F. Porto, fazem um retrato dos dois rivais. Há muitos pontos que cada um deles pode explorar.
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Um clássico é sempre um jogo de enormes paixões, rivalidades acesas, polémica e suspense. É a obra prima do futebol. O Sporting-F. C. Porto de amanhã tem esses condimentos de duelo cheio e intenso, recheado de tensão entre leões à procura de um lugar na Champions e dragões no ataque ao primeiro lugar. Num confronto destes, as táticas, as estratégias e os jogos psicológicos atingem picos anormais de intensidade e o JN foi decifrar os segredos dos dois rivais com a ajuda de Tuck e Bock, treinadores à escala de Ruben Amorim e Sérgio Conceição mas no futebol distrital. O primeiro é o técnico do Oriental, líder da 1.ª Divisão da A. F. Lisboa, e o segundo treina o Marco 09, primeiro classificado da Divisão de Elite da A. F. Porto. O clássico descodificado e com impressão distrital.
Tuck: "Se o Sporting explorar as costas dos laterais pode fazer mossa"
Tuck sabe bem o que é defrontar o Sporting e o F. C. Porto. O antigo futebolista do Gil Vicente e do Belenenses treina o Oriental, líder da A. F. Lisboa, e antevê um duelo equilibrado no clássico, em que o Sporting vai estar "mais pressionado" por ocupar o quarto lugar na tabela e ter o acesso à Champions em risco. Vestindo a pele de Ruben Amorim, apostaria apenas numa só mudança no onze dos leões em comparação com o último jogo, frente ao Rio Ave. "O Coates vai reentrar na equipa, é um líder. Depois, a minha dúvida seria entre colocar o Matheus Reis ou o Nuno Santos. Eu colocaria o Nuno, tem muita qualidade no corredor", adiantou ao JN.
O objetivo é travar os pontos fortes do F. C. Porto. "O Sporting precisa de condicionar a ligação dos laterais, já que o F. C. Porto trabalha muito bem a profundidade e a largura com a intervenção dos pontas de lanças. Se explorar as costas dos laterais e obrigar os centrais a ir à largura, o Sporting pode fazer mossa".
A final da Taça da Liga foi elucidativa. "Na primeira parte, o Sporting garantiu vantagem nos corredores, foi claramente dominador". Outro aspeto que chama à atenção de Tuck é o controlo emocional. "Na segunda parte, o Sporting entrou em quezílias com o adversário e não o podia ter feito, pois o F. C. Porto soube lidar com isso no bom sentido, ainda mais estando em vantagem". No balneário, antes do clássico, tentaria descontrair o grupo. "A pressão de ter de ganhar é boa e chamaria muito à atenção dos atletas para onde o adversário quer levar o jogo"
No plano individual, o treinador do Oriental destacou quem pode fazer a diferença nos leões. "Estou curioso para confirmar as qualidades de Bellerín, em especial as que eu que conheci quando ele jogava no Arsenal. Espero boas exibições de Edwards e de Pedro Gonçalves. Chermiti está a crescer". Nos dragões, Otávio é preponderante. "Se jogar, pode ser o elemento mais desequilibrador sem esquecer a subtileza de Taremi, que procura o espaço entre linhas. Pepe é crucial", adiantou Tuck, orgulhoso pelo trabalho feito no Oriental: "Estamos bem, mas as contas finais só se fazem em junho".
Bock: "F. C. Porto tem de pressionar alto para anular a primeira fase de construção do Sporting"
Bock, treinador do Marco 09, líder da Série 2 da Divisão de Elite, da A. F. Porto, fez a formação no F. C. Porto e destacou-se como goleador nas divisões secundárias, em clubes como Freamunde e Leixões. Num clássico que considera ser de maior pressão para os dragões, pela necessidade "de ganhar para continuarem vivos na luta pelo título", o técnico destaca a importância de "pressionar alto para anular a primeira fase de construção do Sporting", que considera ser um dos pontos mais fortes dos leões.
"Obviamente que é impossível pressionar alto durante os 90 minutos. Por isso, deixaria a bola entrar no Gonçalo Inácio, que é canhoto e costuma jogar como central direito e, a partir daí, a equipa teria de cair em cima do adversário. O F. C. Porto tem de impedir que o Sporting tenha bola", explica, ao JN, o treinador do Marco 09.
Sérgio Conceição tem algumas baixas para o clássico e Bock destaca a provável ausência de Otávio como a mais complicada de colmatar, pela importância do médio nos vários aspetos do jogo portista. "O Otávio é um líder, é agressivo e forte com ou sem bola. É um jogador difícil de defrontar e tem uma coisa muito importante: a mística do F. C. Porto. Era importante tê-lo em campo".
Além do internacional português, os dragões têm outros jogadores lesionados, como Eustaquio, Wendell, Veron, Fábio Cardoso e Evanilson. Estas prováveis ausências levam o treinador do Marco 09, de 47 anos, a encontrar alternativas. "Face às limitações, apostaria num 4x3x3, com Bernardo Folha no meio-campo e Pepê a extremo. Não acredito que o Sérgio Conceição utilize dois avançados, pois, neste jogo, ganhar o meio-campo é fundamental devido à tendência do Edwards e Pote em procurar o espaço interior para criar superioridade numérica e abrir espaço para os alas darem profundidade", analisa.
Para Bock o "jogo dos bancos" pode ter um papel importante e o avançado Toni Martínez é um dos trunfos de que Sérgio Conceição se pode fazer valer para mudar o jogo.