O Sporting venceu, esta segunda-feira, o Gil Vicente por 2-1, em jogo da quarta jornada da Liga portuguesa de futebol, depois de Sá Pinto ter operado uma revolução na equipa, em aposta de risco, salva a cinco minutos do fim.
Corpo do artigo
O holandês Ricky Van Wolfswinkel marcou o golo da vitória aos 85 minutos, numa altura em que o Sporting, que esteve a perder desde os sete minutos até aos 75, quando Capel empatou, depois do golo de Luís Carlos, procurava chegar ao golo da vitória com muito coração e pouco discernimento.
Um golo que acabou por premiar a atitude dos jogadores leoninos, que manifestamente deram o máximo, e castiga um Gil Vicente que se limitou a defender e que nunca revelou capacidade para aproveitar o balanceamento ofensivo dos leões para "matar o jogo", sobretudo na segunda parte, através de rápidas transições ofensivas.
Se os jogadores do Sporting estiveram irrepreensíveis em termos de entrega ao jogo, já o seu treinador decidiu operar uma revolução na equipa, quer no sistema de jogo quer através da aposta em alguns jogadores que têm sido por si preteridos desde o início da época, num jogo absolutamente decisivo para as aspirações da equipa e em que poderia estar em causa a sua permanência à frente da equipa.
Sá Pinto resolveu trocar o habitual 4x3x3, que tem sido o seu modelo preferencial, por um 4x1x3x2 que nunca experimentara esta época, e lançar em jogo vários jogadores com estatuto de titulares que não tinham entrada nas suas opções esta época, designadamente Rinaudo e Insúa, e outros que pouco tinham sido utilizados, como foi o caso de Viola.
De uma penada, o treinador leonino abdicou da dupla de médios do corredor central, Gelson Fernandes, que foi para o 'banco', de onde não saiu, e Elias, que nem fez parte dos 18 convocados, alterou o sistema de jogo, apostando num trinco diferente (Rinaudo), numa linha de três médios (Capel, Izmailov e Pranjic) e em dois pontas de lança (Viola e Wolfswinkel).
A equipa "leonina", pese embora a grande entrega que revelou, denotou claramente dificuldades em adaptar-se ao 4x1x3x2 de Sá Pinto, sendo que, em algumas fases, a construção de jogo leonina constituiu uma verdadeira confusão, por manifesta falta de rotinas e automatismos nos movimentos ofensivos.
Se não bastasse a revolução de Sá Pinto, o Gil Vicente acabou por se adiantar cedo no marcador, logo aos sete minutos, por Luís Carlos, a aproveitar dois erros, um de Xandão e outro de Cédric, lance que teve o condão de intranquilizar mais os "leões".
Contudo, os jogadores do Sporting deram tudo, o que se revelou determinante para a viragem do resultado no último quarto de hora, acabando por merecer, por essa atitude, o triunfo.
O Sporting sentiu sempre grandes dificuldades nas transições ofensivas por clara falta de entrosamento, com Viola descaído sobre a esquerda, Wolfswinkel a sair muito da área, Capel a pisar zonas do ponta de lança, Izmailov pouco solicitado e Pranjic a encostar-se sistematicamente à linha, do lado esquerdo, deixando emergir uma certa confusão de ideias e falta de sentido às suas saídas para o ataque.
Mesmo assim, os leões dispuseram na primeira parte de duas grandes oportunidades de golo, aos seis e 29 minutos, ambas desperdiçadas por Capel, em excelente posição na área, e outros tantos lances de perigo, quase sempre em esforço e à custa da garra que os jogadores puseram em campo, cientes do caráter decisivo da partida.
Na segunda parte, o cariz do jogo não se alterou muito, embora o Sporting tenha arriscado ainda mais, pondo "a carne toda no assador", com Sá Pinto a lançar mão de Carrilo e Jeffrén, sacrificando um central (Xandão), depois de já ter trocado ainda na primeira parte Pranjic por Labyad, mas com maior ou menor dificuldade o Gil Vicente, que teve o 2-0 nos pés de Luís Carlos salvo por Rui Patricio, com uma defesa com o pé decisivas, lá foi segurando o 1-0.
Com o tempo a escorrer, o Sporting acentuou a pressão, deixando muitas vezes espaços cá atrás que o Gil Vicente não teve arte e engenho para explorar, e acabou por ser premiado, com o empate, por Capel, aos 75 minutos, e com o golo do triunfo aos 85, por Wolfswinkel, quando a reviravolta já se afigurava pouco provável.
Um prémio justíssimo para os jogadores do Sporting, que deixaram tudo em campo, ao contrário do que foi notório em jogos anteriores.