O tribunal de Barcelona rejeitou, esta terça-feira, o pedido da defesa de Dani Alves para que o atleta, acusado de violação, saísse em liberdade condicional.
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Segundo a agência espanhola EFE, a juíza rejeitou o pedido dos advogados, que surgiu na sequência da última versão dos acontecimentos apresentada pelo internacional brasileiro, por considerar haver risco de fuga. Assim, Dani Alves, que se disponibilizou para entregar o passaporte, pagar uma fiança e até usar pulseira eletrónica, vai continuar em prisão preventiva.
No final de abril, a rádio espanhola Cadena SER revelou algumas transcrições do depoimento dado por Dani Alves no dia 17 de abril ao tribunal de Barcelona, dia em que o jogador admitiu ter tido relações sexuais com uma mulher que o acusa de violação. O brasileiro voltou a admitir que o ato foi com consentimento e que está inocente.
"Reparei na vontade dela pela forma como dançava, como se aproximava de mim, como trocávamos de posição. Disse-lhe para levar aquilo tudo para a casa de banho. Ela disse que sim, sem problemas. Disse-lhe que ia primeiro e que esperaria por ela na casa de banho. Durante a relação sexual, perguntei duas vezes se estava a gostar e disse que sim". Sobre as imagens de vigilância que mostram a alegada vítima a dirigir-se até às amigas e a começar a chorar, indo embora pouco depois, Dani Alves afirmou que não a viu mais. "Se a tivesse visto à saída, tê-la-ia parado para lhe perguntar o que se tinha passado, porque até então estava tudo bem, dentro do que queríamos. Eu era simplesmente cúmplice do desejo que ela tinha ou do desejo que eu tinha", afirmou.
Várias versões do jogador brasileiro desmentidas
Dani Alves foi preso no dia 20 de janeiro devido à acusação de uma alegada agressão sexual ocorrida em dezembro, de dia 30 para 31. Desde a detenção, o jogador brasileiro apresentou várias versões do caso, todas elas desmentidas.
Primeiro, garantiu que não conhecia a alegada vítima nem tinha mantido qualquer contacto. Depois, admitiu que mentiu na primeira versão para esconder o caso de infidelidade da mulher, a modelo Joana Sanz, que, em março, anunciou nas redes sociais a intenção de se separar, após oito anos de casamento, e confirmou que conhecia a rapariga de 23 anos e que tinha havido intimidade consentida mas sem penetração - versão desmentida pela análise às amostras de ADN recolhidas da alegada vítima.
O Instituto Nacional de Toxicologia e Ciências Forenses encontrou amostras de sémen do jogador na cavidade vaginal da vítima, adiantou o "El Periódico" e confirmou também o "El País". A Polícia catalã também recolheu amostras de sémen noutros três locais (chão da casa de banho da discoteca, roupa interior e vestido da jovem), todas coincidentes com o ADN de Dani Alves.
A 21 de fevereiro, o atleta vincou que foi ele que foi sexualmente agredido pela mulher. "Foi direta a mim. Não toquei nela", insistiu Dani Alves, contando que a jovem terá entrado na casa de banho quando ele estava sentado na sanita e terá praticado sexo oral ao jogador sem consentimento. Quanto a mais uma alegada mentira, o futebolista disse que só o fez para "proteger" a jovem.
Em março, o internacional brasileiro voltou a alterar o testemunho. O advogado do jogador, Cristóbal Martell, usou como argumento um relatório médico do Hospital Clínic, onde a vítima foi atendida logo após a alegada agressão sexual, para afirmar que não houve qualquer violação uma vez que a jovem estaria lubrificada quando a alegada agressão aconteceu. No documento apresentado, os médicos apontam que não foram identificadas lesões vaginais típicas de relações sexuais secas ou lesões compatíveis com sexo forçado. Mas, à semelhança do que aconteceu com as versões já apresentadas, especialistas voltaram a por em causa a tese de Dani Alves. Segundo uma reportagem do jornal "O Globo", os mesmos dados apresentados pelo advogado do internacional brasileiro não significam que não tenha havido uma violação.
"A presença de muco lubrificante na vagina não quer dizer que a vítima estivesse excitada na hora da relação sexual. O ponto forte é na excitação, mas durante o ciclo menstrual há momentos em que a lubrificação está maior ou menor. Em paralelo, existem situações que geram uma lubrificação não fisiológica, que é causada por um corrimento vaginal, por exemplo", disse o ginecologista Maurício Abrão à publicação.
Já em abril, foi confrontado com provas biológicas de restos de sémen nas partes íntimas da vítima e admitiu que houve penetração além de sexo oral, vincando que tinha mentido para esconder a infidelidade da mulher. Assegurou que as relações sexuais foram livres e voluntárias, sem que em algum momento a jovem tenha pedido para parar, e considerou que o facto de não ter sido "atencioso" nem "afetuoso" no fim do ato, após o qual pediu para saírem em separado, pode ter sido o motivo da denúncia por violação.
Alegada vítima manteve sempre versão
A mulher, que renunciou à possibilidade de receber uma indemnização pelo caso, manteve sempre a mesma versão: Dani Alves insistiu que ela o acompanhasse até uma porta e ela concordou sem saber que era uma casa de banho. Quando percebeu, tentou sair, mas o jogador impediu-a e forçou-a a sentar-se em cima dele.
A jovem garantiu ainda que pediu ao brasileiro para parar enquanto era agredida e obrigada a praticar sexo oral. Ainda segundo a alegada vítima, o jogador acabou por prendê-la contra a sanita, violando-a. "Eu não sabia o que estava atrás daquela porta, pensava que seria outra área VIP. Resisti, mas ele era muito mais forte do que eu", afirmou, na época, a mulher segundo o jornal espanhol "La Vanguardia".