Várias adaptações permitiram que o campeonato se mantivesse em atividade e até a pandemia ajudou.
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A poucos dias de F. C. Porto e Shakhtar Donetsk se voltarem a cruzar para decidir a passagem aos oitavos de final da Liga dos Campeões e encerrarem o Grupo H, o JN foi perceber de que forma o futebol ucraniano tem resistido fora das trincheiras. Quase dois anos depois do início do conflito, graças a algumas “adaptações” que a federação ucraniana implementou, o futebol é das poucas coisas que teima em lutar contra a “anormalidade”. No início, perceber se fazia sentido manter o campeonato em atividade, com todos os riscos que isso podia implicar, foi uma das questões que se levantaram. No meio de tantas vidas interrompidas, ou alteradas, completamente desviadas dos seus caminhos, do dia para a noite, muito se pôs em causa, mas o futebol tem resistido. “Chegou-se à conclusão de que o futebol devia continuar para tentarmos manter a normalidade, até porque ninguém faz ideia quando é que isto vai acabar. Claro que há coisas mais importantes que o futebol, mas a verdade é tem-nos ajudado a tirar a cabeça das notícias da frente do conflito”, explicou ao JN Iryna Koziupa, jornalista ucraniana do “Tribuna.com”.
Para já, mantêm-se as 16 equipas profissionais em competição na Primeira Liga ucraniana. Apesar dos clubes das cidades da frente, como Kharkiv, Luhansk, Mariupol, Donetsk, Zaporizhzhia, Kramatorsk ou Slovyansk há muito se terem mudado para Kiev – onde o sistema de defesa aéreo se tem mostrado eficaz, apesar de tudo, contra drones e mísseis russos – ou Leviv, alguns clubes nem hesitaram e foram mais drásticos nas mudanças. “Vários clubes da frente do conflito tiveram de fechar portas, outros viram-se obrigados a deixar as suas cidades para se manterem em funcionamento. A maior parte viram as suas instalações parcial, ou totalmente, destruídas. Os estádios foram destruídos e o que não faltam são histórias de jogadores e treinadores que deixaram o futebol para se alistar nas forças armadas. Alguns clubes preferiram mudar-se para a Polónia, porque com um espaço aéreo tão inseguro no país inteiro, correm-se sempre alguns riscos”, acrescentou a jornalista ucraniana.