<p>Segunda-feira, Espanha pára. Às 20 horas, a bola começa a rolar no Camp Nou, onde o Barcelona recebe o Real Madrid. Os holofotes centram-se em Guardiola e em Mourinho, dois treinadores que se preocupam mais com a sua equipa do que com o adversário.</p>
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O clássico maior do futebol espanhol, um dos duelos mais intensos e apaixonantes do mundo, é preparado como se fosse mais um jogo. Nem Pep Guardiola nem José Mourinho, treinadores do Barcelona e do Real Madrid, respectivamente, costumam alterar o registo táctico por terem pela frente um jogo de maior carga mediática, apimentado por polémicas e por uma rivalidade que ultrapassa os domínios da razão. Ambos têm vários pontos de contacto: estão sempre abertos ao diálogo, adoram motivar os jogadores, são meticulosos e nunca preparam a equipa em função do adversário.
José Mourinho, por exemplo, costuma fazer um alerta aos jogadores na semana de clássicos: "Estejam tranquilos, não falem à imprensa e deixem isso comigo. Nós vamos ganhar fácil, por 2-0. Depois, acontece isso mesmo. Ele fala, tira-nos a pressão e a equipa ganha", conta, ao JN, Geremi, médio camaronês do Larissa, que foi treinado pelo português no Chelsea. Parece simples, mas não é. A verdade é que os jogos florais na sala de imprensa, as bocas da ordem para o adversário, a palavra sempre afiada na hora das polémicas mais acesas, beliscam o opositor e "motivam a equipa". Essa é uma das estratégias de Mourinho, ao contrário de Guardiola, mais reservado, nunca dá entrevistas e raramente se serve dos microfones para fragilizar o adversário. Esse é o ponto que os separa. No resto, são parecidos.
Guardiola também é um obstinado pelo trabalho e escalpeliza todos os pormenores: "É um treinador que prepara todos os jogos da mesma maneira. Cada jogo é como se fosse uma final. Mais importante do que o adversário é a sua equipa, por isso, gosta mais de dizer como o Barcelona deve jogar e não como o adversário vai estar em campo", conta o defesa David Córcoles, do Huelva, ex-jogador blaugrana. Além disso, revela a mesma tendência de José Mourinho para ouvir os jogadores e o mesmo gosto para moralizá-los nas horas difíceis. "É um líder, sabe transmitir tranquilidade à equipa. É um ganhador e passa a vida a motivar os futebolistas nos treinos".
Mas o treinador português não fica atrás do catalão. No F. C. Porto eram famosos os relatórios sobre os adversários, os vídeos sobre determinados pormenores, mas isso não quer dizer que o opositor lhe tire o sono. "Nunca fala dos adversários, só dos seus jogadores. É muito frontal, quando tem de elogiar, elogia; quando tem de criticar, critica. No dia do jogo, diz sempre que tem muita confiança na equipa. E isso é importante", conta Geremi, que não se esquece de uma característica fundamental em Mourinho: "Mais do que a motivação, o que jamais o que mais me impressiona é a sua vontade de ganhar". Única.