Buddy Davidson despediu-se dos estádios de futebol americano, depois de não ter perdido qualquer jogo dos Auburn desde... 1957.
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De hoje a uns dias, quando os Auburn Tigers visitarem Baton Rouge, para mais um jogo do campeonato universitário de futebol americano, o Estádio de Louisiana, por muita gente que tenha, estará, para eles, mais vazio do que nunca. Tudo porque, pela primeira vez desde novembro de 1957, jogarão sem Buddy Davidson nas bancadas, que hoje encerrará a carreira de adepto depois de ver, ao vivo, os últimos... 700 jogos da equipa.
É certo que remetê-lo ao papel de adepto é demasiado redutor para resumir tudo o que o Davidson, hoje com 78 anos, foi para os Auburn Tigers, o clube que também lhe deu a mão quando ele lá chegou, vindo de Montgomery. Só levava 100 dólares para as despesas, mas também tinha uma carta de recomendação que lhe mudaria o futuro. Ralph Jordan, o treinador na altura, aceitou o conselho e integrou-o na equipa técnica. E a 2 de novembro de 1957, Buddy estreou--se em jogos dos Tigers. Para não mais parar nos 60 anos seguintes.
Diretor desportivo, auxiliar de cozinha, responsável pela limpeza das instalações, voluntário, diretor de estudantes, diretor de informação, embaixador... Foi com a capa destes cargos, e mais alguns, que Buddy Davidson engessou esta história. Mas só porque, logo no ano seguinte à chegada a Auburn - em 1958, portanto -, Ralph Jordan lhe tirou a cisma de encontrar trabalho fora da universidade porque não tinha dinheiro para as despesas. Uma promessa de emprego trouxe o pupilo de volta.
Ao longo de anos e décadas, os jogos foram-se acumulando, as viagens também, assim como as vitórias. Buddy viu os Tigers defrontarem 94 adversários, acompanhou a equipa em 47 cidades de 20 estados norte-americanos e memorizou tudo a partir de 53 estádios. Nem o AVC que o apanhou em 2014, e o atrapalha desde então, o parou. Aliás, da boca de Fran, a mulher, contou-se que no dia em que a saúde lhe virou as costas, Buddy Davidson só aceitou ir ao hospital depois de lhe garantirem que isso não o impediria de ir ver o jogo do Auburn. E foi, claro.
Hoje, antes de assistir ao jogo 700 da equipa de sempre, 61 épocas depois do início da epopeia e perante 80 mil espectadores, Davidson vai ao relvado fechar o ciclo. E as bancadas vão chorar.