Vice-presidente demite-se do Comité Olímpico em colisão com o presidente Vicente Moura
O vice-presidente da Comissão Executiva do Comité Olímpico de Portugal Manuel Brito apresentou a sua demissão do cargo em rota de colisão com o presidente do organismo, Vicente Moura.
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Em missiva dirigida na terça-feira a Vicente Moura, a que a agência Lusa teve acesso, Manuel Brito invoca o teor de uma intervenção do presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), durante a reunião do Conselho Nacional de Desporto de 16 de Maio, que diz merecer a sua "mais viva reprovação".
Em causa, segundo um elemento presente na reunião contactado pela Lusa, estão os termos em que Vicente Moura se dirigiu ao secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Laurentino Dias, depois de ter manifestado discordância pelo projecto do Tribunal Arbitral do Desporto apresentado pelo governante. Vicente Moura defendia e tinha um projecto de constituição de um Tribunal Arbitral do desporto dependente do COP.
"Tive conhecimento há dois dias, através do testemunho de vários conselheiros e o do próprio secretário de Estado da Juventude e do Desporto, do teor de uma intervenção sua na última reunião do Conselho Nacional do Desporto, realizada no passado dia 16 de maio a qual, em termos da forma e do conteúdo, merece a minha mais viva reprovação", lê-se na carta de Manuel Brito.
O vice-presidente demissionário entende que o COP "deve ter representantes que, nas diversas estruturas e órgãos onde participam, tenham intervenções - qualquer que seja o seu sentido - serenas e construtivas, politicamente ponderadas e com uma linguagem apropriada, o que, no caso em apreço, não terá sido a assumida pelo Conselheiro Vicente Moura".
"Neste contexto, apresento a minha demissão do cargo de Vice-Presidente da Comissão Executiva do COP", diz Manuel Brito, sublinhando que se trata de uma posição "obviamente pessoal", em nada se confundindo com o cargo de Vereador da Câmara Municipal de Lisboa, em cuja qualidade garante, sempre que se justifique (...) apoiar as iniciativas de uma instituição centenária, credível e respeitável como o COP".
Manuel Brito acrescenta que "apesar do estilo pessoal e da maior ou menor qualidade dos seus dirigentes, as grandes instituições, possuidoras de um rico património ético, cultural e desportivo, como Comité Olímpico de Portugal, conseguem normalmente resistir ao comportamento menos próprio de alguns dos seus dirigentes".
"Os dirigentes são, lembro, meramente transitórios. Mas nada pior na vida associativa quando alguns responsáveis não compreendem que chegaram a um ponto onde, a prosseguirem um determinado estilo, só degradam a sua imagem pública e, pior ainda, afectam gravemente as instituições que, numa dada altura da sua vida, tão bem serviram", conclui.
Após os Jogos Olímpicos Pequim2008, Manuel Brito, antigo presidente do Instituto do Desporto de Portugal ponderou candidatar-se à presidência do COP, mas acabou por integrar a lista única encabeçada por Vicente Moura.