Villas-Boas comovido ao lembrar Jorge Costa: "Foi, como poucos, um verdadeiro símbolo portista"
André Villas-Boas, presidente do F. C. Porto, ficou comovido durante o discurso que nomeou o espaço dos azuis e brancos, no Olival, como "Centro de Treinos e Formação Desportiva (CTFD) Jorge Costa".
Corpo do artigo
O F. C. Porto fomalizou, esta terça-feira, o "Centro de Treinos e Formação Desportiva (CTFD) Jorge Costa", no dia em que o eterno central dos dragões faria 54 anos.
Na cerimónia estiveram presentes representantes da Càmara Municipal de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, antigo presidente da Câmara Municipal de Gaia, José Neves, presidente da Associação de Futebol de Porto, o plantel do F. C. Porto e vários elementos da família de Jorge Costa.
Em discurso perante os presentes, André Villas-Boas, líder máximo dos azuis e brancos, lembrou o legado do eterno capitão dos azuis e brancos e falou num gesto que deveria ter sido retribuído em vida.
"Hoje neste dia carregado de emoção e significado, reunimo-nos para homenagear e eternizar uma das figuras mais marcantes da história do F. C. Porto, de seu nome Jorge Costa. A escolha desta data, 14 de outubro, data do seu aniversário, não podia ser mais simbólica. É um tributo à vida que dedicou de corpo e alma ao nosso clube, à nossa identidade, ao nosso desígnio coletivos, aos nossos princípios e valores. Um pequeno gesto que deveria ter sido feito em vida, que nunca retribuirá o que lhe devemos, o privilégio de o termos tido connosco, de termos usufruído da sua presença carismática e um gesto que exprime a enorme vontade que nunca esquecemos", começou por dizer o dirigente, antes de recordar a fibra do antigo número dois dos dragões.
"É com profundo respeito, comovido pela memória e gratidão, que veremos para sempre o seu nome gravado neste local, que passa a se chamar Centro de Treinos e Formação Desportiva Jorge Costa. A partir deste momento todos os que entrarão neste espaço irão inevitavelmente cruzar-se com a força de um capitão que representa a essência do que é ser Porto. Jorge Costa fez de cada dia com esta camisola vestida um hino à coragem, sacríficio e espírito de equipa. O Jorge era um dragão, daqueles que não sabia jogar a meio gás, nunca virava a cara à luta e fazia do relvado, do banco, até aos corredores do balneário, sempre defendendo as causas das cores do F. C. Porto. Capitão durante mais de uma década, liderou com voz, mas sobretudo pelo exemplo. Fez quase 400 jogos oficiais pela equipa principal, tendo levantado como um verdadeiro comandante os títulos mais importantes das história do nosso clube: oito campeonatos, cinco Taças de Portugal, cinco Supertaças, uma Taça Uefa, uma Liga dos Campeões e uma Taça Intercontinental", referiu.
Visivelmente emocionado, André Villas-Boas recordou, ainda, o regresso do "Bicho" aos clube e da forma apaixonada como viveu este novo capítulo: "Era impossível pedir mais ao nosso Bicho. Foi internacional por Portugal 50 vezes, venceu o Mundial sub-20 e elevou sempre o nosso nome às glórias que conquistou. Serviu os dragões e o futebol português com um profissionalismo raro e uma paixão intransigente. Até há bem pouco tempo regressou a esta casa e era um dirigente como poucos. Dos primeiros a chegar, dos últimos a sair. Preocupado com todos. Ao mais experientes injetava ânimo, aos mais novos ensinava-os a caminhar de cabeça erguida. Ninguém ficava indiferente ao Bicho nos corredores no Olival. Ninguém fica indiferente à sua grandeza. Jorge Costa foi muito para o F. C. Porto, para nós e para mim. Foi, como poucos, um verdadeiro símbolo portista, respeitado em todos os balneários, estimado por sucessivas gerações de adeptos, e temido por todos os adversários. O Bicho, como era conhecido, encarnava o ADN do F. C. Porto: a resiliência, o inconformismo, a cultura do trabalho, a lealdade, a força perante a adversidade. Muitos vestiram esta camisola; poucos a honraram como o bicho".
"Ao atribuirmos o nome de Jorge Costa ao nosso Centro de Treinos e Formação Desportiva, queremos não apenas recordar o atleta, mas manter o seu legado vivo diante das novas gerações que aqui se formarão. Quem atravessar estas portas verá o nome de quem melhor personificava o orgulho e a responsabilidade de envergar a nossa camisola. A todos os familiares de Jorge Costa - em especial à Estela, sua mulher, aos seus filhos David, Guilherme e Salvador, à sua Mãe e irmãs - deixo uma palavra de gratidão: obrigado por partilharem connosco este grande homem e capitão. Neste clube, nunca será esquecido. Entre nós, continuaremos a contar a sua história, a inspirar jovens com o seu exemplo e a recordar aquilo que é ser verdadeiramente Porto", acrescentou.
André Villas-Boas deixou também palavras de agradecimento por todos aqueles que apoiaram esta iniciativa: "Por fim uma palavra de agradecimento também à Administração da Fundação Portogaia, aos autarcas aqui presentes - em especial a Marina Mendes, a Eduardo Vitor Rodrigues e a José Guilherme Aguiar- por, perante a nossa proposta de alteração do nome deste local, se terem empenhado de imediato a promover essa alteração e esta bonita homenagem. Gaia é também a nossa casa, por isso somos gratos, e aqui estamos de alma e coração como membros empenhados e ativos na promoção desta comunidade e território", reconheceu, finalizando com uma mensagem para todo o universo de atletas.
"Concluo com um apelo: que a frontaria do Centro de Treinos e Formação Desportiva Jorge Costa seja, para cada um de nós, um lembrete inabalável do que representa vestir esta camisola e da honra e responsabilidade que isso implica, a cada instante. Que todos, do mais jovem atleta ao mais consagrado campeão, tenham sempre presente que Jorge Costa nos continuará a mostrar o caminho das vitórias. Viva Jorge Costa! Viva o Futebol Clube do Porto!"