Vitinha: "Eu próprio não conseguiria escrever uma história melhor. Foi perfeito"
Vitinha aborda o regresso ao F. C. Porto, a conquista da dobradinha e destaca o papel de Sérgio Conceição.
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Formado no Olival, Vitinha viveu em 2021/22 a temporada de afirmação como um dos maiores talentos nacionais. Aos 22 anos, já é um dos indiscutíveis do meio-campo do F. C. Porto e teve um papel preponderante na dobradinha dos dragões, uma época depois de ter estado emprestado ao Wolverhampton. Ao todo, somou 47 jogos, 36 deles como titular, registando quatro golos e outras tantas assistências que lhe valeram a chamada de Fernando Santos à seleção portuguesa. Em entrevista ao JN, destaca a liderança de Sérgio Conceição como um dos segredos do sucesso coletivo e fala do desejo de marcar presença no Mundial do Catar, em novembro.
A par da conquista do campeonato e da Taça de Portugal também se afirmou no F. C. Porto. Foi a melhor época da carreira?
Tenho de dizer que sim. Foi a época em que tive mais minutos e maior intervenção. Acabar com dois títulos, diria que foi uma temporada muito conseguida.
A temporada passada no Wolverhampton não correu de feição e houve muita indefinição sobre o regresso ao Dragão. Voltar ao clube do coração e conseguir estas conquistas tem um sabor especial?
Sim, tem um significado muito especial. Nós, muitas vezes, não controlamos tudo o que nos acontece. Aguardei pelo desfecho da minha situação com muita ansiedade. Felizmente fiquei, consegui dar muitas alegrias aos adeptos e afirmar-me neste clube que amo. Eu próprio não conseguiria escrever uma história melhor. Foi perfeito.
Que papel tem Sérgio Conceição nestas conquistas?
Tem um papel importantíssimo, talvez o mais importante dentro do grupo. É ele que comanda tudo, ele é o líder.
E individualmente? Quão importante foi na sua afirmação?
Ajudou-me em muitos aspetos e fez elevar o meu jogo para outro patamar. Hoje em dia sou outro jogador muito por culpa dele. Só posso agradecer-lhe.
Sente, então, que Sérgio Conceição o moldou e o tornou num jogador mais completo?
Tornou-me noutro jogador. Tirou o melhor de mim, mesmo noutras valências onde eu não era tão forte ou não estava predisposto a fazer. A verdade é que me levou para outro patamar, quero manter esse patamar e, se possível, melhorá-lo.
Esta temporada abriu a porta da seleção. Estamos a seis meses do Mundial. É um objetivo assumido ir ao Catar?
Qualquer jogador quer estar no Mundial e representar a seleção ao mais alto nível. Eu não sou exceção, mas muita coisa acontecerá até lá. Vou focar-me no presente, no futuro próximo, que neste caso é festejar estes dias que temos, e depois entrar na seleção com o máximo de foco na Liga das Nações.
A forma como festejou este último golo na Taça mostra uma grande união junto dos adeptos. Quer ser um dos ícones do F. C. Porto?
Não trabalho para isso. Isso é consequência do nosso trabalho. Olho sempre para um futuro mais recente, que é o trabalhar no dia a dia. Foi o que me fez chegar aqui e o que nos fez ganhar dois títulos. O mais correto a fazer é pensar no grupo, no presente e no futuro próximo. Essas coisas vêm depois, por acréscimo.
Falando em objetivos, esta época conseguiram a Liga e a Taça de Portugal, mas falharam a possibilidade de conquistar a Liga Europa. Fica um amargo de boca?
Claro que sim. Tínhamos equipa para mais, para lutar pela Liga Europa. Infelizmente, não aconteceu, mas não podemos ficar agarrados ao passado, temos é de aproveitar e de nos concentrar nestes dois títulos lindos que conquistámos.
Ganharam a Liga no terreno do grande rival Benfica. Qual foi a sensação nos festejos do título na Luz? Até esteve em cima de cacifos...
[Risos] Festejar no rival teve um sabor especial. Quanto aos cacifos, deu-me para festejar assim, isso sai naturalmente. [Risos]
E que diferenças para a festa da Taça? Foi especial estar no Jamor e vencer?
São competições diferentes. O campeonato é de regularidade, que nos leva o ano todo. A Taça também, mas de uma forma intermitente. A Taça é uma competição muito bonita, é a prova rainha. Crescemos a ver esta final, no Jamor, com o estádio lotado, à tarde... É mágico. Fazer parte desta final, marcar e ganhar... É brutal.
É uma das caras da equipa que venceu a Youth League em 2019 e que está agora na equipa principal, juntamente com nomes como Diogo Costa, Fábio Vieira e João Mário. Foi esse título que abriu a porta para esta afirmação na equipa principal?
Penso que não. Da mesma forma que chegámos aqui, já outros chegaram e muitos outros podem chegar. Não é o título da Youth League, nem de ganhar ou deixar de ganhar. É pela qualidade e pelo trabalho. Foi isso que mostrámos para chegar aqui e temos de o continuar a fazer porque não há lugares garantidos para ninguém. Se trabalharem, podem chegar aqui.
Mas sente que é dada mais atenção aos jovens com vista a chegarem à equipa principal?
Sim, e sinto que os jovens também sentem isso. Olham para cima e já conseguem ver muitos jogadores da formação. Nesse aspeto, podem ter esse incentivo de que é possível, como já disse, com trabalho e qualidade.